Protestos em várias cidades na Turquia após condenação de Osman Kavala

Centenas de pessoas concentraram-se no final da tarde de hoje nas principais cidades da Turquia, incluindo Istambul, um dia após a condenação a prisão perpétua do mecenas Osman Kavala, acusado de tentativa de derrube do Governo.

Protestos em várias cidades na Turquia após condenação de Osman Kavala

Ao som das palavras de ordem “Resistência total”, “Taksim por todo o lado”, “Não é senão o início, a luta continua”, os manifestantes reuniram-se nas proximidades da praça Taksim, centro de Istambul, e ainda na capital Ancara ou em Izmir (oeste), três cidades geridas por municípios da oposição. O forte contingente policial enviado para os locais dos protestos não interveio. Foi a primeira vez desde há muito que manifestantes ousaram desafiar a polícia e a repressão, que acabou com os protestos de rua após a tentativa de golpe de Estado de 2016.

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Kavala, 64 anos e detido há quatro anos e meio, foi condenado no domingo a prisão perpétua por “tentativa de derrube do Governo”, numa referência aos amplos protestos antigovernamentais de 2013 que foi acusado de financiar, e centrados no parque Gezi de Istambul. Perante os juízes, o mecenas denunciou um “assassinato judicial” contra a sua pessoa e a influência no seu processo exercida pelo Presidente Recep Tayyip Erdogan.

A defesa pediu a absolvição por falta de provas, mas Kavala foi condenado a prisão perpétua sem possibilidade de recurso. Sete coacusados, incluindo arquitetos, foram condenados a 18 anos de prisão e detidos, como Kavala, na prisão de alta segurança de Sivrili, perto de Istambul. “O veredicto deste processo é uma punição contra a democracia. Ignora o Estado de direito”, considerou em Istambul Akif Burak Atlar, representantes da plataforma de protesto Taksim Solidariedade. “Pouco importa quantos estamos aqui, este caso diz respeito a milhões de pessoas que se juntaram aos protestos de Gezi”.

Ao reagir a esta condenação, o ex-presidente e ex-primeiro-ministro da Turquia, Abdullah Gül, referiu-se a um julgamento “vergonhoso”. “A decisão sobre Kavala e os seus amigos feriu profundamente a consciência pública. A mim também me entristeceu. No futuro, este caso será considerado como um julgamento vergonhoso no que respeita ao processo judicial”, assinalou Gül, um dos fundadores do AKP, o partido do atual Presidente turco. Gül era presidente da Turquia em 2013, quando eclodiram os protestos contra o Governo de Erdogan, então primeiro-ministro, e que implicaram agora a condenação de Kavala.

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