Quase 60 milhões de deslocados internos no mundo, número recorde
Conflitos e catástrofes naturais no ano passado elevaram o total de deslocados internos a nível mundial para um número recorde de quase 60 milhões, de acordo com um estudo de organizações não-governamentais (ONG) divulgado hoje.
Em 2021 existiam 59,1 milhões de deslocados internamente, quase metade com menos de 18 anos, indicaram o Centro de Monitorização de Deslocados Internos (IDMC) e o Conselho Norueguês para os Refugiados (NRC). Este número, que não tem em conta os refugiados no estrangeiro, tem vindo a aumentar de ano para ano, e espera-se que um novo recorde seja estabelecido em 2022 devido à invasão russa da Ucrânia, que teve início a 24 de fevereiro. Este é o segundo maior aumento anual na última década, depois de em 2020 se ter registado um número recorde de deslocações devido a uma série de catástrofes naturais. E “o ano de 2022 parece sombrio”, devido à guerra na Ucrânia, advertiu a diretora do IDMC, Alexandra Bilak, numa conferência de imprensa.
Trinta concelhos de seis distritos do continente em risco muito elevado de incêndio
Trinta concelhos dos distritos de Bragança, Guarda, Castelo Branco, Santarém, Portalegre e Faro apresentam hoje um risco muito elevado de incêndio, estando previsto um agravamento para os próximos dias, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (… continue a ler aqui)
Mais de oito milhões de pessoas foram deslocadas internamente na Ucrânia, mais de dois meses depois de a Rússia ter invadido o país, de acordo com a ONU. A situação no mundo “nunca foi tão má”, observou o Secretário-Geral do NRC, Jan Egeland, alertando que “o mundo está a desmoronar-se”. “A situação atual é na verdade incrivelmente pior do que o nosso número recorde sugere. Precisamos que os líderes mundiais façam uma mudança titânica no seu pensamento sobre a prevenção e resolução de conflitos para acabar com esta espiral de sofrimento humano”, defendeu. No ano passado, a África Subsaariana foi a região com o maior número de deslocações internas (muitas pessoas deslocam-se mais de uma vez), incluindo mais de cinco milhões só na Etiópia, um país que sofre de uma grave seca e onde o conflito começou em finais de 2020, na região de Tigray. Este é o número mais elevado alguma vez registado num único país.
“A situação atual é na verdade incrivelmente pior do que o nosso número recorde sugere”
Números sem precedentes foram também registados no ano passado na República Democrática do Congo e no Afeganistão, onde o regresso dos talibãs ao poder, combinado com a seca, forçou muitas pessoas a fugir das suas casas. Em Myanmar (antiga Birmânia), onde os militares tomaram o poder num golpe de Estado em fevereiro de 2021, as deslocações também atingiram um recorde. O Médio Oriente e o Norte de África, por outro lado, registaram os níveis mais baixos de novas deslocações numa década, à medida que os conflitos na Síria, Líbia e Iraque diminuíram, mas o número total de pessoas deslocadas na região permaneceu elevado. A Síria tem o maior número de deslocados internos induzidos pelo conflito, com 6,7 milhões no final de 2021. Seguem-se a República Democrática do Congo (5,3 milhões) e a Colômbia (5,2 milhões), bem como o Afeganistão e o Iémen (4,3 milhões cada).
Embora o número de pessoas deslocadas por conflitos esteja a aumentar, as catástrofes naturais continuam a ser a principal razão pela qual as pessoas são forçadas a fugir das suas casas (23,7 milhões de deslocações em 2021). Até 94% destas deslocações foram atribuídas a catástrofes climáticas e meteorológicas, tais como ciclones, inundações e secas, que estão a tornar-se mais frequentes e intensas devido às alterações climáticas, com 70% do deslocamento interno devido a catástrofes naturais em 2021 a ser registado na China, nas Filipinas e na Índia. Mas cada vez mais, os conflitos e as catástrofes naturais andam de mãos dadas, observou Egeland. Em locais como Moçambique, Myanmar, Somália e Sudão do Sul, as crises sobrepõem-se, com impacto na segurança alimentar, aumentando a vulnerabilidade de milhões de pessoas.
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