Raimundo diz que PCP não fez “tudo ao seu alcance” para diminuir “perceções erradas”
O secretário-geral do PCP afirmou que o partido não fez “tudo ao seu alcance” para diminuir “perceções erradas” que existem sobre os seus posicionamentos a nível internacional e prometeu procurar encontrar novas formulações para as mitigar.
Em entrevista à agência Lusa a propósito do XXII Congresso do PCP, que se realiza entre 13 e 15 de dezembro em Almada, Paulo Raimundo afirmou que o partido “não enfia a cabeça na areia” e reconhece que “não fez tudo bem” nas eleições que disputou no último ano, em que, com exceção das regionais na Madeira de setembro de 2023 e das dos Açores de fevereiro de 2024, o PCP perdeu sempre eleitores.
No entanto, o dirigente comunista considerou que também “seria injusto atribuir apenas ao PCP a responsabilidade” pelos resultados eleitorais, perguntando o que é mudou na postura do partido que explique que tenha conseguido aumentar o seu eleitorado na Madeira e nos Açores, mas não o tenha feito nas legislativas e nas europeias.
“Foi por causa dos candidatos? Acho que não, acho que os nossos candidatos ao Parlamento Europeu e à Assembleia da República (…) não ficam atrás de nenhum dos outros partidos desse ponto de vista. É por causa do nosso projeto? Ou é a perceção?”, perguntou, considerando que “há aspetos de perceção sobre o PCP que não ajudam”.
“E também é justo sublinhar que talvez nós não tenhamos feito tudo ao nosso alcance para diminuir essa perceção que eu acho que é errada sobre o PCP”, admitiu, frisando que o partido precisa de “encontrar as formulações e as formas de não contribuir para aumentar essa perceção errada”.
Instado a esclarecer quais são essas perceções, Raimundo salientou que, por exemplo, “generalizou-se a ideia de que o PCP é pela guerra e, como se não bastasse isso, ainda é apoiante do Putin e outras abstrusidades desse tipo”.
“Isso é uma perceção que não tem nenhuma razão de ser, pelo contrário. Aliás, se há partido que é pela paz, desde sempre, é o PCP”, afirmou, garantindo que o partido vai fazer “tudo o que estiver ao seu alcance para não alimentar essa perceção errada”.
“Às vezes são pequenas coisas e temos de fazer melhor, não tenho dúvida”, afirmou, reconhecendo também que “há desafios novos aos quais é preciso dar respostas novas”, o que o PCP ainda não conseguiu fazer.
“Mas eu acho que não se devia menosprezar a dimensão da ofensiva” de que o PCP é alvo, disse.
Sobre a posição do PCP relativamente à guerra na Ucrânia, Raimundo foi questionado se considera que a paz deve passar pela perda de território ucraniano para além da Crimeia, respondendo que “a paz só de pode fazer juntando à mesa aqueles que intervêm na guerra”.
“À cabeça: a Rússia, os Estados Unidos, a NATO, a União Europeia e a Ucrânia”, disse, afirmando que não sabe qual deve ser o conteúdo de uma “solução política” para esse conflito.
“A única coisa que sei é que é a única solução que se impõe e já devia ter sido. Porque nós podemos chegar a uma situação em que (…) depois de milhares e milhares de mortos e de feridos, de regiões totalmente destruídas, a solução que se encontra é aquela que se poderia ter encontrado sem um único tiro dado neste conflito. Isso é que seria ter desperdiçado meios, recursos e, acima de tudo, vidas humanas”, disse.
Interrogado se acha que a eleição de Donald Trump – que prometeu acabar com o conflito em 24 horas – pode ser benéfica para o fim da guerra, Paulo Raimundo respondeu: “Acho que a eleição de Trump não é benéfica para nada”.
“E acho que nos deve fazer pensar a todos, porque ele é eleito a partir do quê? Do discurso fácil, da mentira, de um projeto profundamente reacionário. Mas isso só ganha força porquê? Porque há um conjunto de problemas do ponto de vista social e económico que não tiveram resposta e ganham respaldo naquele discurso. E isso é um aviso”, disse.
*** Tiago Almeida e Ana Clotilde Correia (texto), Hugo Fragata (vídeo) e Tiago Petinga (fotografia) ***
*** Serviços áudio e vídeo disponíveis em www.lusa.pt ***
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By Impala News / Lusa
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