RDCongo: Pelo menos 100.000 refugiados fugiram para países vizinhos desde janeiro

RDCongo: Pelo menos 100.000 refugiados fugiram para países vizinhos desde janeiro

Pelo menos 100.000 cidadãos da República Democrática do Congo (RDCongo) fugiram para países vizinhos em menos de três meses devido ao conflito no leste do país, alertou hoje o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.

De acordo com o comunicado do ACNUR, em menos de três meses, o número de congoleses que fugiram para os países vizinhos aumentou para mais de 100.000 devido às hostilidades em curso na província do Kivu do Norte, particularmente nos territórios de Masisi e Walikale, juntamente com uma situação de segurança extremamente volátil em Bukavu e nas zonas circundantes da província do Kivu do Sul.

Na capital do Kivu do Norte, Goma, e arredores, “os locais que anteriormente albergavam 400.000 deslocados internos foram todos destruídos, deixando as famílias sem abrigo e sem proteção”, lamentou a agência das Nações Unidas.

Por sua vez, “as graves lacunas de financiamento”, nomeadamente “os cortes” ao mesmo, estão “a prejudicar gravemente os esforços humanitários” na região. Por isso, “os parceiros humanitários estão a lutar para reconstruir os abrigos, deixando as pessoas deslocadas com poucas opções de sobrevivência”, indicou.

Segundo o ACNUR, a distribuição de bens essenciais, como cobertores, redes mosquiteiras, produtos para a menstruação e sabão, também é dificultada.

Toda esta conjuntura faz com que as pessoas fujam para regiões vizinhas, mas “os perigos da viagem conduziram a múltiplas tragédias, uma vez que barcos sobrelotados e frágeis, muitas vezes o único meio de atravessar os vastos cursos de água [da RDCongo], viraram”, contextualizou.

No entanto, a situação humanitária nos países de acolhimento, como o Uganda e o Burundi, é “quase igualmente terrível”.

De acordo com dados do ACNUR, “mais de 28.000 refugiados congoleses entraram no Uganda desde janeiro deste ano – um aumento de 500% em relação ao período homólogo do ano anterior – e espera-se que cheguem mais 10.000 pessoas até ao final deste mês [de março]”.

“A maioria dos centros de acolhimento e de trânsito no Uganda acolhe atualmente sete vezes mais pessoas do que a sua capacidade e não dispõe de água, saneamento e abrigo suficientes. Os cortes no financiamento deixaram os centros de saúde sobrecarregados, com a subnutrição infantil a aumentar devido ao encerramento dos centros de alimentação nas zonas que acolhem os recém-chegados”, frisou.

Já no Burundi, na comuna de Rugombo, que acolhe a maioria dos 68.000 refugiados que chegaram ao país desde fevereiro, “as instalações sanitárias inadequadas e a sobrelotação dentro e à volta do estádio onde as pessoas se têm abrigado, bem como os cuidados de saúde limitados, resultaram em pelo menos oito casos suspeitos de cólera”, exemplificou.

O M23, alegadamente apoiado pelo Ruanda, controla atualmente as capitais das províncias de Kivu do Norte e Kivu do Sul, que fazem fronteira com o Ruanda e são ricas em minerais como o ouro e o coltan, essenciais para a indústria tecnológica e para o fabrico de telemóveis.

A RDCongo – nação vizinha de Angola – e o Ruanda fornecem juntos cerca de metade do coltan do mundo, um mineral essencial para o fabrico de telefones e outros aparelhos eletrónicos.

Em particular, o tântalo – extraído do coltan – e o cobalto são minerais fundamentais utilizados por gigantes da tecnologia como a Apple, a HP e a Intel.

 

NYC (EL) // MLL

By Impala News / Lusa

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