Risco de derrocada leva a retirada de moradores do Bairro do Aleixo
O presidente da Câmara do Porto diz que decisão de retirar os moradores do Bairro do Aleixo é solução de emergência perante o risco de queda das fachadas das torres.
Questionado pela bancada socialista na reunião de segunda-feira da Assembleia Municipal de Porto, Rui Moreira esclareceu que «até há algumas semanas, estava em curso o processo de requalificação das torres até que fosse possível transferir as pessoas que vivem no Aleixo para os novos bairros que vão ser construídos pelo fundo», mas que, subitamente, a autarquia foi alertada «para um acontecimento que ninguém poderia imaginar que pudesse suceder».
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«O que acontece é que as fachadas das torres estão a desagregar, estão a cair. E, com as fachadas das torres a cair, há um problema de salubridade e de proteção e, portanto, nós tivemos que decidir perante uma situação de emergência», afirmou. Segundo o autarca, a Câmara não podia correr o risco de expor os cidadãos a este perigo e por isso mesmo, garantiu, a autarquia vai tentar acelerar o processo para, se possível, retirar os moradores antes mesmo de terminar o prazo de seis meses definido para o efeito.
«Esta é a solução possível. Tivemos que antecipar uma coisa que não queríamos. Nós não tiraríamos nenhum morador sem as casas prometidas pelo fundo, mas era imperioso, mesmo perdendo os 150 mil euros que investimos nos elevadores», defendeu. Interpelado pelo deputado municipal da CDU Rui Sá, Rui Moreira deixou ainda a garantia que, enquanto estiver à frente da autarquia, não haverá nenhuma construção até que as casas que fazem parte do compromisso assumido pelo fundo sejam entregues à câmara.
Deputada do Bloco de Esquerda referiu-se ao processo do Aleixo como uma «tragédia em três atos»
Na sua intervenção inicial, Rui Sá acusou o executivo de estar a persistir no erro, na tentativa de salvar um fundo que a câmara já poderia ter exterminado. Já a deputada do Bloco de Esquerda Susana Constante Pereira, referiu-se a este processo como uma «tragédia em três atos», em que as pessoas estão ainda sofrer as consequências de decisões tomadas há quase seis anos por Rui Rio.
«Foi preciso chegar a uma situação de insegurança para precipitar uma solução que inclusive, numa perspetiva integrada, tem repercussões na vida das pessoas, não só [para] as que vivem no Aleixo. Neste momento, em face de uma situação emergência, vamos usar casas que seriam disponibilizadas para as pessoas em lista de espera» para obter uma habitação social, afirmou.
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A deputada do grupo municipal do Bloco de esquerda defendeu mesmo que município, na pessoa de Rui Rio, deve um pedido de desculpas a estas pessoas que estão em situação de despejo. A Câmara do Porto anunciou no dia 09 de setembro que vai realojar, no prazo máximo de seis meses, as 270 pessoas que vivem nas três Torres do Bairro do Aleixo que ainda se mantêm de pé.
Em conferência de imprensa, nos paços do concelho, o presidente da autarquia, Rui Moreira, explicou que decidiu realojar «o mais rapidamente possível» todas as famílias que ocupam 89 frações, porque uma «vida digna não é possível naquelas condições». A solução passa por realojá-las em «habitação municipal que vai vagando» e «alguma da pouca habitação que foi entregue pelo fundo imobiliário».
Rui Rio queria avançar com a demolição das torres
O Fundo Especial de Investimento Imobiliário – Invesurb foi constituído em novembro de 2009, depois de Rui Rio ter vencido com maioria absoluta as eleições autárquicas desse ano. O social-democrata pretendia avançar com a demolição das cinco torres com vista para o rio Douro, o que significava realojar os moradores em casas que seriam construídas ou reabilitadas para o efeito.
Em contrapartida, o fundo ficava com a possibilidade de construir nos terrenos livres. Das cinco torres existentes no local, três ainda se mantêm de pé – a torre 5 foi demolida em 2011 e a torre 4 em 2013. Neste momento, e segundo autarquia, continuam a morar no local 89 famílias que ocupam 89 fogos nas torres que não foram demolidas.
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