Rui Malheiro acusa Rocha de condenar Iniciativa Liberal à “irrelevância política”
O candidato a líder da IL Rui Malheiro quer eleger 20 deputados nas legislativas, captando eleitores de esquerda e direita, e acusa Rui Rocha de ter colocado o partido num “patamar de irrelevância” e de impor uma “visão única”.
Em entrevista à agência Lusa no âmbito da IX Convenção Nacional da IL, que se vai realizar entre 01 e 02 de fevereiro em Loures, Rui Malheiro estabeleceu o objetivo de eleger 200 autarcas nas eleições deste outono e 20 deputados nas próximas legislativas, apresentando-se sempre sozinho.
“Queremos colocar a IL a médio prazo numa situação governativa em Portugal e essa situação será com um caminho feito degrau a degrau. Neste momento, queremos passar dos 5% para um patamar de 10%”, afirmou.
Para atingir esse patamar, Rui Malheiro disse pretender captar tanto abstencionistas como “eleitorado de forma transversal”, de esquerda e direita, apresentando propostas “fora de nicho”, na área da habitação, coesão territorial, saúde ou educação, que mostrem que os ideais da IL não entram na “dicotomia política” tradicional.
“Queremos que as pessoas percebam que a IL não pode ser monotemática. Temos que falar para todos e temos que contar com todos para votar na IL”, referiu.
Prometendo transformar a IL num “partido de Governo”, Rui Malheiro assumiu, contudo, que, caso seja eleito líder e haja eleições legislativas antecipadas nos próximos dois anos, é pouco provável vir a integrar um executivo liderado por Luís Montenegro.
“Este PSD atual teria de mudar muito e a ala mais liberal do PSD teria de se impor muito mais para que houvesse um mínimo de entendimento com uma força como o PSD. O PSD hoje em dia não tem manifestamente condições para implementar políticas liberais”, referiu, acusando o executivo de estar a fazer “mínimos olímpicos”.
Sobre o estado atual da IL, Rui Malheiro considerou que o partido está num “patamar de irrelevância política” e acusou Rui Rocha, que se está a recandidatar à liderança, de “ir sempre a reboque das outras forças políticas”, tanto “populistas, como de extrema-esquerda”.
“Temos de trazer as nossas medidas liberais, as nossas propostas para cima da mesa, e temos de ser nós a criar a agenda mediática e não ir a reboque de qualquer força política ou de qualquer tema que é colocado na agenda”, afirmou.
O candidato do movimento “Unidos pelo Liberalismo” criticou em particular o foco recente da IL na questão da segurança, considerando que esse tema “não está na lista das prioridades dos portugueses”, quando comparado com os “problemas na habitação, na saúde” ou a “carga fiscal enorme”.
A nível interno, Rui Malheiro acusou Rui Rocha de deixar os núcleos territoriais da IL “ao abandono” e de ter estado “adormecido sobre as autárquicas”, considerando que não foram preparadas com a antecedência necessária.
Rui Rocha “não está a ter presença nos núcleos, não fala com os membros e não percebe os reais problemas dos membros. Se percebessem os reais problemas dos membros, percebiam que há, efetivamente um abandono”, disse.
Além da falta de atenção aos núcleos, Rui Malheiro considerou ainda que Rui Rocha impôs uma “visão única” no partido, que se traduziu na saída de vários militantes – como Carla Castro ou José Cardoso, candidatos à liderança há dois anos – e prometeu, caso seja eleito, “contar com todos os membros, independentemente do pensamento que tenham”.
“Queremos mais união no partido: contaremos com as pessoas que estão na lista de Rui Rocha e com os deputados”, prometeu.
Rui Malheiro é conselheiro nacional da IL desde 2020 e decidiu candidatar-se à liderança do partido em dezembro, pelo movimento “Unidos pelo Liberalismo”, depois de o ex-candidato presidencial Tiago Mayan Gonçalves, que liderava esse movimento, ter-se demitido após ter sido revelado que falsificou assinaturas enquanto presidente de uma junta de freguesia no distrito do Porto.
TA // SF
By Impala News / Lusa
Siga a Impala no Instagram