Rússia critica Estados Unidos por classificarem Huthis como terroristas
A Rússia criticou hoje a classificação dos rebeldes Huthis como terroristas pela nova administração norte-americana, numa sessão do Conselho de Segurança da ONU sobre o Iémen, argumentando que Washington “não está interessada” numa solução para a guerra naquele país.
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No final de janeiro, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a designar os Huthis como uma “organização terrorista estrangeira”, medida que implica o corte de recursos de terceiros para o grupo insurgente, cujo nome oficial é Ansar Allah.
Os Huthis controlam atualmente dois terços do território iemenita.
O embaixador russo na ONU, Vasili Nebenzia, argumentou hoje no Conselho de Segurança que a decisão “pode não só dificultar o trabalho dos trabalhadores humanitários no Iémen, mas também ter um impacto negativo nos esforços de mediação para lançar um processo político”.
Em janeiro de 2021, ou seja, quase no final do seu primeiro mandato (2017-2021) na Casa Branca, Trump já tinha designado os rebeldes xiitas iemenitas como terroristas, mas o seu sucessor, o democrata Joe Biden, levantou a ordem para que as sanções não agravassem a grave crise humanitária no Iémen.
“Agora, quando a situação começou a abrandar (referindo-se às frágeis tréguas no Iémen), os Estados Unidos estão a tomar medidas que levarão à sua escalada. Para ser muito honesto, o resultado final é que os Estados Unidos não estão interessados na resolução da situação no Iémen com a participação dos Huthis, que são parte integrante da sociedade iemenita”, acrescentou o diplomata russo.
Por sua vez, a representante interina dos Estados Unidos junto da ONU, Dorothy Shea, defendeu a medida de Trump como um passo importante para “responder à ameaça aos civis” e, sobretudo, para proteger o tráfego marítimo, em referência aos ataques dos Huthis a navios que transitam pelo Estreito de Ormuz com carga para Israel.
“É imperativo que a comunidade internacional trabalhe em conjunto com os parceiros regionais para eliminar as capacidades dos Huthis, que continuam a ameaçar a navegação internacional e os marinheiros inocentes”, argumentou a responsável, destacando que o grupo deve cessar todos os ataques no Mar Vermelho.
Os Huthis começaram a atacar Israel e outros alvos no Mar Vermelho e no Golfo de Aden em retaliação à ofensiva militar israelita na Faixa de Gaza, enclave palestiniano controlado pelo Hamas, que matou mais de 48.000 pessoas desde outubro de 2023.
Os rebeldes Huthis do Iémen, o Hezbollah, o Hamas e vários grupos extremistas da região fazem parte do chamado “eixo de resistência” contra Israel liderado pelo Irão.
Perante os ataques dos Huthis no Mar Vermelho e no Golfo de Aden, zonas essenciais para o comércio mundial, os Estados Unidos, maior aliado de Israel, criaram uma força multinacional para proteger a navegação nesta área estratégica e lançaram os primeiros ataques no Iémen em janeiro de 2024, com a ajuda do Reino Unido.
Desde a entrada em vigor das tréguas em Gaza, em 19 de janeiro, os rebeldes puseram termo aos ataques, bem como aos que visavam navios mercantes acusados de ligações com Israel.
O Iémen tornou-se palco de uma guerra em finais de 2014 entre os rebeldes Huthis, apoiados pelo Irão, e as forças do Presidente Abd Rabbo Mansur Hadi, que em março de 2015 seria apoiado por uma coligação militar internacional árabe, liderada pela Arábia Saudita.
PL // SCA
By Impala News / Lusa
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