Rússia tem usado bombas de fragmentação em grande escala
A Rússia tem utilizado na Ucrânia bombas de fragmentação em grandes quantidades, causando centenas de vítimas civis e destruindo habitações, escolas e hospitais, denunciou hoje um organismo de monitorização.
“Centenas de ataques com bombas de fragmentação efetuados pelas forças russas foram documentados ou relatados como tendo ocorrido na Ucrânia este ano”, indicou o Observatório das Bombas de Fragmentação (Cluster Munition Coalition, CMC) no seu relatório anual. “As forças ucranianas parecem também ter utilizado esse tipo de arma em várias ocasiões no conflito em curso”, que começou a 24 de fevereiro, quando a Rússia invadiu a Ucrânia, segundo o organismo. Nem a Rússia nem a Ucrânia aderiram ao tratado que proíbe tais armas, que tem 110 Estados partes e 13 outros signatários.
“A utilização maciça pela Rússia na Ucrânia de armas com munições de fragmentação internacionalmente proibidas demonstra um flagrante desprezo pela vida humana, pelos princípios humanitários e pelas normas jurídicas”, declarou Mary Wareham, redatora do capítulo do relatório sobre as políticas de proibição. “Uma condenação inequívoca da utilização em curso de armas com munições de fragmentação na Ucrânia é fundamental para reforçar a estigmatização dessas armas e pôr fim à ameaça que elas representam”, acrescentou.
Seis meses de guerra
Este relatório de 100 páginas é divulgado numa altura em que os Estados partes do tratado se preparam para a sua reunião anual, que se realizará de 30 de agosto a 02 de setembro, nas Nações Unidas em Genebra, Suíça. A CMC exorta, além disso, a Rússia a “pôr um termo imediato a esses ataques indiscriminados e apela a todos os signatários para tomarem as medidas necessárias para renunciarem ao uso de tais armas e aderirem [totalmente] à convenção sem demora”.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de quase 13 milhões de pessoas — mais de seis milhões de deslocados internos e quase sete milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções em todos os setores, da banca à energia e ao desporto. Na guerra, que hoje entrou no seu 183.º dia, a ONU apresentou até agora como confirmados 5.587 civis mortos e 7.890 feridos, sublinhando que os números reais são muito superiores e só serão conhecidos no final do conflito.
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