Saiba por que as sondagens voltaram a falhar redondamente
Pela segunda vez em pouco mais de quatro meses, as sondagens voltaram a errar redondamente.
Pela segunda vez em pouco mais de quatro meses, as sondagens voltaram a errar redondamente. O primeiro grande engano deu-se nas eleições autárquicas, com a vitória de Carlos Moedas em Lisboa, quando todas as sondagens eram unânimes em atribuir a vitória – clara – ao até então presidente da Câmara, Fernando Medina. Algumas, pasme-se, apontaram uma diferença de vinte pontos percentuais entre os dois candidatos. Agora, quando todas as sondagens dos principais canais – TVI/CNN Portugal, SIC e RTP – apontavam para um empate técnico entre António Costa e Rui Rio, a verdade é que o Partido Socialista conquistou uma vitória inequívoca com direito a maioria absoluta.
O relato de Hugo Mouro, no Twitter, ajuda a perceber o que de errado se passa com as sondagens que, outrora, foram uma ferramenta fiel de auscultação da intenção de voto dos portugueses. “Comecei a trabalhar em sondagens em 2001, como entrevistador, na empresa Aximage. Pequena empresa, dita familiar, era alicerçada no génio e currículo de Jorge de Sá, referência na área. De entrevistador passei a supervisor de campo e, mais tard,e a técnico de sondagens (que estranho, não é?). Aprendi tudo o que sei com o Jorge, as estatísticas, a leitura sociológica dos dados, modelos de análise A partir de 2013 a única tarefa que não era exclusivamente minha era o desenho do questionário e a análise dos resultados”, começa por explicar.
“De tal modo, que tenho mais de 500 sondagens depositadas na ERC, sob o meu nome. As dificuldades financeiras da década acabaram por atingir a empresa forçando despedimentos e layoffs. A empresa viria a ser vendida em 2020 ao Grupo Bel, após o inesperado falecimento do Jorge. Com a partida do Jorge fiquei como diretor técnico da empresa. Este meu colega levava 45 anos de trabalho na área, tendo passado por todas (ou quase todas) as empresas que foram surgindo. Alguns meses após a venda da empresa, o outro sócio (responsável pela venda) faleceu, vítima de cancro. Já nas mãos do Grupo Bel, fomos visitados pelo novo dono, que fez questão de mostrar quem era o alfa, afirmando que ali mandava ele, que a empresa não era uma democracia e que estava ali para profissionalizar uma empresa que era referência no sector”, recorda.
Da restauração a diretora técnica
“O próximo ano e meio foi dos piores períodos da minha vida profissional. Não houve um euro de investimento do Grupo Bel, não tínhamos contacto com a administração e foi-nos imposto um diretor técnico de Schrodinger – estava em pro bono, era DT mas não sabia da área. Com o lixo que tínhamos de material (palavras do dono), produzimos diamantes durante ano e meio. Duas pessoas a fingirem que a Aximage era uma empresa com uma carga de trabalho bem acima do racional. As promessas de melhorias eram constantemente adiadas – não há dinheiro, diziam. Chegados a Junho de 2021 tudo estava na mesma, e o meu colega abandonou a empresa. Todo o trabalho passou para mim e ainda assim não havia dinheiro para melhorar o meu contrato. Apresentei a demissão em Junho sendo imediatamente contactado para uma reunião nos recursos humanos. Com grandes dúvidas, aceitei uma pequena subida no meu salário e a promessa de falarmos no final do ano”, explica
“A promessa de contratação de uma equipa qualificada caiu rapidamente, ficando com a responsabilidade de formar dois jovens que não tinham experiência, nem formação na área. Tudo bem, até ao dia 12, em que recebo uma chamada violentíssima do Schrodinger. Era a segunda instância de abuso verbal a que me sujeitava do administrador em pro bono e, ao telefone, demiti-me. Sem demoras, a administrativa da Aximage, contactou uma ex trabalhadora, que havia sido despedida em 2014 e que pouco trabalho tinha nas sondagens. Esta pessoa, que desde 2014, trabalhava na área da restauração, aceitou e passou a diretora técnica da empresa. Passei o mês de Julho a formá-la na utilização dos novos softwares e fui de férias em Agosto”.
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