Secretas britânicas permitiram tortura de suspeitos após 11 de setembro

Os serviços secretos do Reino Unido permitiram a tortura e rapto de suspeitos de terrorismo após os atentados de 11 de setembro de 2001, segundo dois relatórios divulgados pela imprensa britânica.

Secretas britânicas permitiram tortura de suspeitos após 11 de setembro

Os documentos, citados pela BBC e pelo Guardian, contêm as acusações mais graves às secretas do Reino Unido, afirmando que agentes britânicos estiveram envolvidos em centenas de casos de tortura e rapto de suspeitos.

“Encontrámos 13 incidentes em que funcionários britânicos testemunharam em primeira mão um detido a ser maltratado por terceiros, 25 em que detidos disseram a funcionários britânicos que foram torturados e 128 incidentes em que agentes dos serviços secretos foram informados por serviços estrangeiros de casos de maus-tratos”, afirma-se num dos relatórios, citado pelo Guardian.

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Em 232 casos, o Reino Unido continuou a transmitir perguntas ou informações a outros serviços, apesar de saber ou suspeitar de tortura, e 198 casos em que receberam informações de serviços estrangeiros obtidas de detidos que sabiam ter sido torturados.

Os relatórios, da comissão parlamentar de segurança e serviços de informações, revelam que embora não haja indícios de maus tratos infligidos diretamente por agentes do MI5 (serviços de informações internas) e do MI6 (serviços de informações externas) sabiam desde “um estádio inicial” da tortura de suspeitos pelos Estados Unidos e outros.

A comissão encontrou ainda três casos em que o MI5 ou o MI6 ofereceu uma contribuição financeira a terceiros para raptarem e transportarem ilegalmente um suspeito (‘rendition’), 28 casos em que uma ou outra agência sugeriu, planeou ou concordou com operações de rapto e transporte ilegal propostas por terceiros e 22 casos em que forneceram informações para o planeamento de operações de rapto e transporte ilegal.

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As sedes do MI5 e MI6 tinham conhecimento dos relatos de tortura de detidos pelos Estados Unidos, só em 2002 souberam de 38 casos, mas não agiram em relação a eles.

“Não há qualquer dúvida de que os EUA e outros torturavam detidos, como não há qualquer dúvida de que os serviços de informações [britânicos] sabiam disso num estádio inicial. O mesmo em relação aos raptos”, afirma-se no relatório.

O presidente da comissão, Dominic Grieve, explicou que os deputados decidiram arquivar a investigação depois de o Governo ter recusado acesso a “responsáveis que estavam no ativo à altura” dos factos.

Grieve acrescentou que os relatórios foram agora divulgados por considerar que a informação recolhida deve ser do domínio público.

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