Segundo Programa do Governo da Madeira votado hoje sem garantias de aprovação

Uma segunda proposta de Programa do Governo da Madeira será hoje discutida e votada sob forma de uma moção de confiança na assembleia regional, sem “garantias taxativas” de aprovação, uma situação inédita na história do parlamentarismo regional.

Segundo Programa do Governo da Madeira votado hoje sem garantias de aprovação

Em 19 de junho, o presidente do executivo madeirense, o social-democrata Miguel Albuquerque, retirou a proposta da discussão em plenário por ter chumbo anunciado: PS, JPP e Chega, que somam 24 deputados num universo de 47 lugares, o que significa uma maioria absoluta, deram conta de que iriam votar contra o documento.

O Programa estava a ser discutido pelo segundo dia e previa-se que fosse votado no dia seguinte.

O Governo Regional convidou então todos os partidos com assento parlamentar para reuniões visando consensualizar medidas, mas PS e JPP — que após as eleições de maio apresentaram, sem sucesso, uma proposta para formar governo – rejeitaram o convite.

Os encontros decorreram ao longo da passada semana e no início desta semana, tendo o deputado único da IL, Nuno Morna, anunciado que iria abster-se, após ver incluídas algumas das medidas defendidas pelo partido.

Também a parlamentar do PAN, Mónica Freitas, manifestou estar disposta a viabilizar o documento porque plasmava igualmente sugestões desta força política, reservando, contudo, o sentido do seu voto para o momento da votação.

Por seu turno, o CDS-PP, que celebrou um acordo parlamentar com o PSD após as eleições (insuficiente, ainda assim, para a maioria absoluta), vai votar a favor.

A única dúvida é a posição do grupo parlamentar do Chega, liderado por Miguel Castro, que se reuniu três vezes com o Governo Regional e insistiu no afastamento de Miguel Albuquerque para viabilizar o Programa do Governo, mas chegou a ‘abrir a porta’ e, após o último encontro, na segunda-feira, recusou prestar declarações.

A nova proposta entregue na terça-feira na Assembleia Legislativa da Madeira inclui, segundo Miguel Albuquerque, 19 medidas dos quatro partidos que acederam a sentar-se para dialogar. Porém, o chefe do executivo admitiu não haver “certezas taxativas” da aprovação e declarou confiar na “responsabilidade” dos partidos.

Albuquerque também garantiu não voltar a retirar a proposta, que vai ser discutida até à votação.

A Conferência de Representantes da assembleia reuniu-se na terça-feira para decidir o regimento para a sessão plenária, agendando a discussão para a parte da manhã, que começa com uma intervenção de 15 minutos do presidente do Governo Regional.

Segue-se um período de pedidos de esclarecimento, que podem ser dirigidos quer ao presidente do executivo, quer aos secretários regionais e, na parte da tarde, decorrerá a sessão de encerramento e a votação.

De acordo com o presidente do parlamento, o democrata-cristão José Manuel Rodrigues, o Orçamento da Região Autónoma da Madeira para 2024 poderá ser discutido e votado ainda no decurso deste mês.

Nas eleições regionais antecipadas de 26 de maio, o PSD elegeu 19 deputados, ficando a cinco mandatos de conseguir a maioria absoluta, o PS conseguiu 11, o JPP nove, o Chega quatro e o CDS-PP dois, enquanto a IL e o PAN elegeram um deputado cada.

O sufrágio realizou-se oito meses após as legislativas regionais de 24 de setembro de 2023, depois de o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter dissolvido o parlamento madeirense, na sequência da crise política desencadeada em janeiro, quando Albuquerque foi constituído arguido num processo sobre alegada corrupção.

O social-democrata acabou por se demitir no início de fevereiro e o executivo ficou então em gestão. Não chegou a ser votado um Orçamento para 2024.

O PSD lidera o executivo do arquipélago desde as primeiras eleições em democracia. Em 2019, no seu segundo mandato, Albuquerque fez um acordo pós-eleitoral com o CDS para manter a maioria absoluta que os sociais-democratas sempre tinham conseguido alcançar sozinhos.

Em 2023, os dois partidos concorreram coligados, mas para garantir os 24 deputados foi necessário um acordo de incidência parlamentar do PSD com o PAN, rasgado pela deputada única na crise instalada no início deste ano.

AMB/DC/ROC // ROC

By Impala News / Lusa

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