Transportes públicos e Carris nas prioridades do orçamento para a mobilidade em Lisboa – Câmara
As prioridades do orçamento municipal de Lisboa para a área da mobilidade, com um total de 311 milhões de euros, são o incentivo do transporte público e investimentos na Carris, disse hoje o vice-presidente da autarquia, Anacoreta Correia.
Numa audição na Assembleia Municipal de Lisboa (AML), Anacoreta Correia considerou que o orçamento para o próximo ano “é reforçado” na área da mobilidade e que, somando o orçamento da Carris ao da EMEL – Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento e ao da unidade orgânica da Câmara, soma 311 milhões de euros (ME), que compara com 289 ME do ano passado.
“Resulta evidente, desde logo, que se tivéssemos que dizer uma prioridade na questão da mobilidade, a prioridade é com certeza o transporte público, não só evidenciado no volume do orçamento da Carris, mas também no orçamento da Câmara com várias medidas decorrentes dessa prioridade”, afirmou.
Entre as medidas consideradas no orçamento para incentivar o uso dos transportes públicos estão os passes gratuitos para jovens e para maiores de 65 anos e os passes Navegante que passaram a disponibilizar o sistema de bicicletas partilhadas Gira para os residentes em Lisboa ou os Parques Navegante, com “os dados a revelarem que passou a ser uma solução para várias pessoas deixarem o carro em parques e andarem na cidade de Lisboa de transporte público”, destacou.
Quanto à Carris, o autarca referiu investimentos até 2027 de cerca de 220 milhões de euros, num “projeto muito ambicioso” de renovação e alargamento da frota.
Este plano “assenta numa pequena parte em financiamento comunitário” de “cerca de 20% desse financiamento”, à volta de 40 ME, “e o resto é assegurado pela Câmara”.
“Não vou voltar aqui a falar do apelo que é fundamental para que o Governo, para que os financiamentos europeus, acompanhem este esforço de uma forma mais evidente, de uma forma mais reforçada”, disse Anacoreta Correia, considerando que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) “faria sentido, porque é um investimento que se insere totalmente na agenda da sustentabilidade”.
“Muitos países o fizeram, eu visitei algumas cidades capitais que aproveitaram esta ocasião para a renovação de frota e para a melhoria da frota, e em Portugal, estranhamente, o Governo anterior mobilizou uma pequena parte do PRR para responder a esta necessidade”, acrescentou.
O vice-presidente da Câmara de Lisboa realçou ainda o “crescimento muito significativo” das Compensações de Obrigações do Serviço Público (COSP) atribuídas pela autarquia à transportadora, que em 2024, relativamente a 2023, atingiram “o valor mais alto de sempre, 65 ME”, verba que “já foi pago na totalidade pela Câmara”.
No orçamento de 2025 estão inscritos 53 ME como previsão das COSP, a que acresce um milhão e meio de outros pagamentos.
“Na conta da Carris, nós temos inscritos 54 milhões de euros. Portanto, a Câmara Municipal tem vindo a assumir, a assegurar aquilo que é o pagamento da Carris, e tem a expectativa, devo dizer, eu já o tenho dito, nós temos a expectativa de assegurar um financiamento superior, quer do PRR, quer do quadro comunitário de apoio, porque faz todo o sentido, faz todo o sentido”, considerou.
O plano prevê também a entrega de 30 autocarros movidos a hidrogénio, à ordem de 10 por ano entre 2026 e 2028, um passo que a Carris está a dar “com alguma prudência, uma vez que é ainda uma alternativa relativamente recente”.
A Carris está também a rever o seu plano de rede, um “trabalho muito complexo”, para tentar “perceber quais são as redes que são mais utilizadas e as que têm mais lacunas”.
“Para além deste projeto da revisão da rede, nós estamos a trabalhar […} no crescimento da rede, com novos projetos, seja no lado ocidental da cidade, seja no lado oriental, seja também na frente ribeirinha, onde temos a visão de criar um eixo estruturante de mobilidade do transporte público, que é um projeto de grande dimensão, em que temos vindo a trabalhar, mas que estaremos em condições também de o apresentar, julgo, no próximo ano”, adiantou.
O autarca destacou igualmente outros projetos na área da mobilidade, como a expansão da rede ciclável e a expansão da rede Gira, com “a ambição” de chegar ao fim do mandato com bicicletas partilhadas em todas as 24 freguesias para “complementar o transporte público”.
Em 13 de novembro, a liderança PSD/CDS-PP na Câmara de Lisboa apresentou um orçamento municipal de 1.359 milhões de euros para 2025, ligeiramente superior aos 1.303 milhões previstos para este ano, em que se prevê 918 ME para despesas correntes e 441 ME para despesas de capital.
Atualmente, o executivo da Câmara de Lisboa, que é composto por 17 membros, integra sete eleitos da coligação “Novos Tempos” (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança) — que são os únicos com pelouros atribuídos e que governam sem maioria absoluta –, três do PS, dois do PCP, três do Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), um do Livre e um do BE.
RCS (SSM)// VAM
By Impala News / Lusa
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