Trump sugere saída das negociações se não houver progressos “muito em breve” na Ucrânia

O Presidente norte-americano, Donald Trump, sugeriu hoje que pode abandonar as negociações com Moscovo e Kiev sobre o conflito na Ucrânia “muito em breve” se não houver progressos, após declarações divergentes na sua administração.

Trump sugere saída das negociações se não houver progressos

“Não há um número específico de dias, mas queremos resolver isso rapidamente”, disse o Presidente dos Estados Unidos.

Estas declarações estão em linha com o chefe da diplomacia de Washington, Marco Rubio, que também alertou hoje que os Estados Unidos poderão deixar as conversações, mas em contraste com o vice-Presidente dos Estados Unidos, JD Vance, que no mesmo dia indicou avanços nas últimas horas no diálogo com as partes e expressou o seu otimismo.

“Se por algum motivo algum dos lados tornar as coisas demasiado difíceis, diremos apenas: ‘Vocês são estúpidos, vocês são idiotas, vocês são pessoas horríveis’, e seguiremos em frente”, declarou Trump, acrescentando: “Mas espero que não tenhamos de fazer isso”.

Horas antes, JD Vance manifestou, durante uma visita a Roma, o seu otimismo sobre a evolução das negociações indiretas com Moscovo e Kiev, à margem de um encontro com a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.

“Não quero prejudicar nada, mas estamos realmente otimistas de que podemos acabar com esta guerra tão brutal”, disse o vice-Presidente norte-americano, referindo-se a “certas coisas que aconteceram nas últimas 24 horas”.

No entanto, no mesmo dia, o secretário de Estado norte-americano ameaçou “seguir em frente” se os Estados Unidos chegarem à conclusão que “não é possível” alcançar a paz na Ucrânia.

“Os Estados Unidos têm outras prioridades”, observou Marco Rubio à saída de França, após uma série de reuniões na véspera com representantes ucranianos e europeus em Paris, insistindo que Washington não queria que a questão da Ucrânia se arrastasse por “semanas e meses”.

Posteriormente, Trump disse que “Marco tem razão” de que a dinâmica das negociações precisa de mudar, deixando no ar a hipótese de abandonar o diálogo, sem se comprometer com nenhum ultimato.

“Bem, não quero dizer isso. Mas queremos ver isto acabar”, declarou.

As declarações dos dirigentes norte-americanos surgem no mesmo dia em que o Kremlin anunciou que dava por encerrada a moratória de ataques a infraestruturas energéticas, revelada em março e minada desde então por acusações mútuas de Kiev e Moscovo de violações ao acordo.

No seguimento de vários dias de fortes bombardeamentos russos na Ucrânia, pelo menos duas pessoas morreram e dezenas ficaram feridas nos ataques noturnos contra as cidades de Kharkiv e Sumy, no nordeste do país, segundo as autoridades ucranianas.

Antes do anúncio da trégua limitada às instalações energéticas, o Presidente norte-americano tinha inicialmente proposto um cessar-fogo incondicional e completo, cujo princípio foi aceite por Kiev sob pressão de Washington, mas rejeitado pelo líder russo, Vladimir Putin.

Representantes dos Estados Unidos, da Ucrânia e europeus concordaram em voltar a reunir-se na próxima semana em Londres, após um primeiro encontro que se realizou na quinta-feira em Paris.

Estas rondas diplomáticas acontecem numa fase em que Washington e Kiev se aproximam de um entendimento que concederá aos Estados Unidos acesso a vastos recursos minerais da Ucrânia e que poderá ser assinado já na próxima semana.

HB // JMC

By Impala News / Lusa

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