ONU anuncia retirada “bem-sucedida” de 101 civis de Mariupol
A ONU anunciou hoje a retirada “bem-sucedida” de 101 civis há semanas encurralados no complexo industrial siderúrgico de Azovstal, na cidade ucraniana de Mariupol, cercada pelo exército russo que entretanto sobre ela lançou nova ofensiva.
“Estou feliz e aliviada por confirmar que 101 civis foram retirados com êxito da fábrica siderúrgica de Azovstal, em Mariupol”, declarou a coordenadora humanitária das Nações Unidas para a Ucrânia, Osnat Lubrani, citada num comunicado.
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Segundo a responsável, mais 58 pessoas foram retiradas de Manhush, uma cidade nos arredores de Mariupol, no sudeste do país, no âmbito desta operação coordenada pelas Nações Unidas e o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e iniciada a 29 de abril, com o acordo das partes em conflito, na sequência de compromissos feitos pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, nas suas recentes visitas a Moscovo e Kiev.
“Hoje, acompanhámos 127 pessoas a Zaporijia, cerca de 230 quilómetros a noroeste de Mariupol, onde estão a receber assistência humanitária inicial, incluindo cuidados médicos e psicológicos, das agências especializadas da ONU, do CICV e dos nossos parceiros humanitários”, indicou Osnat Lubrani, precisando que “algumas das pessoas resgatadas decidiram não ir para Zaporijia com a coluna”.
O CICV informou, quase ao mesmo tempo, que a operação durou cinco dias e que, enquanto a coluna de autocarros e ambulâncias saía da cidade, algumas pessoas sozinhas e famílias — algumas a pé e outras em veículos — se lhe juntaram para estarem protegidas. “Esta complexa operação permitiu a saída de grupos de civis de Azovstal e da zona de Mariupol, embora esperássemos que fosse possível retirar mais pessoas. São necessários, com urgência, acordos semelhantes entre as partes para aliviar o imenso sofrimento da população civil”, indicou a Cruz Vermelha em comunicado.
Para que a operação fosse bem-sucedida, explicou o CICV, ajudou as partes a chegar a acordo sobre aspetos como horários, localização, rota de retirada e outros pormenores logísticos, bem como sobre exatamente quem poderia ser retirado por vontade própria. Desde que começou a guerra, a 24 de fevereiro, o CICV — que trabalha sob os princípios da neutralidade e da imparcialidade — tenta facilitar um diálogo confidencial entre a Rússia e a Ucrânia sobre a retirada em condições de segurança de civis encurralados pelos combates e bombardeamentos.
“O CICV não se esquece de quem ainda lá continua (no complexo industrial siderúrgico e outros pontos de Mariupol), nem de quem se encontra noutras zonas afetadas pelas hostilidades ou com necessidade premente de ajuda humanitária, esteja onde estiver”, sublinhou a instituição, acrescentando: “Faremos todos os esforços possíveis para chegar até essas pessoas”.
A Rússia iniciou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar o país vizinho para segurança da Rússia – condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
Cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia, e a guerra, que entrou hoje no 69.º dia, causou até agora a fuga de mais de 13 milhões de pessoas, mais de 5,5 milhões das quais para os países vizinhos, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que a classifica como a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). A ONU confirmou hoje que 3.193 civis morreram e 3.353 ficaram feridos, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a cidades cercadas ou a zonas até agora sob intensos combates.
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