Ucrânia: União Europeia sanciona oficialmente as duas filhas de Putin
A União Europeia sancionou hoje as duas filhas do Presidente russo, Vladimir Putin, agora inscritas na lista negra europeia, com mais de 200 outras pessoas, várias das quais oligarcas próximos de Putin e patrões da imprensa pró-Kremlin.
Já alvo de medidas restritivas dos Estados Unidos e do Reino Unido, Maria Vorontsova e Katerina Tikhonova, nascidas em 1985 e 1986, respetivamente, são as filhas de Putin e de Liudmila Putina, de quem o líder russo anunciou ter-se divorciado em 2013. À semelhança das 217 pessoas e das 18 entidades adicionadas a esta lista publicada no jornal oficial da UE, elas foram proibidas de entrar no bloco comunitário e os bens que aí possuem foram congelados. A mais velha, Maria Vorontsova, foi visada pelo seu papel na Nomenko, uma importante empresa de projetos de investimento no setor da saúde que procura “fontes substanciais de lucros” no Governo russo, precisa o jornal oficial. A irmã mais nova, Katerina Tikhonova, dirige um fundo de apoio a jovens cientistas criado por empresas cujos dirigentes “são membros do círculo próximo de oligarcas” do Presidente russo, de acordo com a mesma fonte.
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Este quinto pacote de sanções da UE impõe também medidas económicas, em especial um embargo ao carvão russo a partir de agosto próximo e o encerramento dos portos europeus às embarcações com pavilhão russo. As aquisições de carvão pela UE representam um montante de oito mil milhões de euros por ano, uma soma muito inferior às compras de gás e de petróleo. O novo pacote de sanções foi decidido após a descoberta de centenas de cadáveres de civis, no fim de semana passado, na cidade ucraniana de Bucha, perto de Kiev, após a retirada das forças russas. Os cadáveres estavam amontoados pelas ruas e em valas comuns, com sinais de terem sido vítimas de tortura e execução. As imagens desencadearam uma onda de choque mundial e acusações de “crimes de guerra” a Moscovo.
Empresários próximos de Putin, como Oleg Deripaska, Boris e Igor Rotenberg – o irmão e o filho do multimilionário Arkadi Rotenberg – e German Gref, presidente do principal banco russo, o Sberbank, foram adicionados à lista europeia devido ao seu apoio a ações “que ameaçam a integridade territorial” da Ucrânia, sublinhou a UE. Os 27 sancionaram igualmente diversos responsáveis de órgãos de comunicação social pró-Kremlin, como os diretores da agência TASS, Serguei Mikhailov, e do Komsomolskaia Pravda, Vladimir Sungorkin, descrito por Putin como o seu “jornal preferido”. Todos os membros dos governos e dos parlamentos (179) das repúblicas separatistas pró-russas de Lugansk e Donetsk foram também incluídos na lista.
Quatro bancos – VTB, o segundo maior da Rússia, Bank Otkritie, Novikombank (filial do Rostec) e Sovcombank –, representando 23% do mercado bancário russo, viram igualmente os seus bens congelados, depois de terem sido excluídos do sistema financeiro internacional Swift. Entre as entidades visadas pelas sanções, a UE inscreveu ainda uma empresa de Oleg Deripaska que produz veículos anfíbios para o exército. Esta lista, criada em 2014, após a anexação russa da Crimeia, contém agora os nomes de 1.091 pessoas e 80 entidades.
Imagens em direto da Guerra na Ucrânia
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, mais de 4,3 milhões das quais para os países vizinhos, de acordo com os mais recentes dados da ONU — a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa — justificada por Putin com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto. A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 44.º dia, causou um número ainda por determinar de mortos civis e militares e, embora admitindo que “os números reais são consideravelmente mais elevados”, a organização confirmou hoje pelo menos 1.626 mortos, incluindo 132 crianças, e 2.267 feridos entre a população civil.
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