Ucrânia: Zelensky pede negociações que evitem perdas para várias gerações
O Presidente da Ucrânia disse ter chegado “a altura” de falar sobre “paz e segurança” e advertiu que sem diálogo as consequências para a Rússia serão sentidas por várias gerações.
O Presidente da Ucrânia afirmou hoje ter chegado “a altura” de dialogar sobre “paz e segurança” e advertiu Moscovo que sem este diálogo as consequências para a Rússia vão ser sentidas por várias gerações. “Negociações sobre paz e segurança para a Ucrânia são a única hipótese para a Rússia de minimizar os danos causados pelos próprios erros”, declarou Volodymyr Zelensky, num vídeo publicado na rede social Facebook e filmado à noite, numa rua deserta.
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“Chegou a altura de nos reunirmos. É tempo de dialogar. É tempo de restaurar a integridade territorial e a justiça para a Ucrânia”, defendeu o chefe de Estado ucraniano. De outro modo, “as perdas para a Rússia vão ser tais que serão precisas várias gerações para que recupere”, avisou. Várias rondas de conversações entre Kiev e Moscovo decorreram já presencialmente e por videoconferência, desde o início da invasão russa da Ucrânia. A quarta ronda começou na segunda-feira ao nível de delegações a negociar à distância. Na sexta-feira, ao início da noite, o chefe da delegação russa anunciou ter constatado “uma aproximação” de posições sobre a questão da neutralidade da Ucrânia e progressos sobre a desmilitarização do país.
“A questão do estatuto de neutralidade da Ucrânia e a não adesão à NATO é um dos pontos chave das negociações, e é o ponto sobre o qual as posições das partes estão mais próximas”, declarou Vladimir Medinski, citado pelas agências de notícias russas. Todavia, assinalou existirem ‘nuances’ a propósito das “garantias de segurança” exigidas por Kiev. Um dos membros da delegação ucraniana, o conselheiro da presidência Mikhailo Podoliak indicou que as “declarações da parte russa são as exigências [feitas] à partida”.
Podoliak escreveu na rede social Twitter que a posição ucraniana “não mudou: cessar-fogo, retirada das tropas [russas] e fortes garantias de segurança com fórmulas concretas”. Na quarta-feira, a Ucrânia considerou persistirem “contradições profundas” nas conversações russo-ucranianas, mas “um compromisso” é ainda possível. Os bombardeamentos russos de localidades ucranianas continuam enquanto decorrem as negociações, tomando como alvo várias infraestruturas civis. Sobre a cidade cercada de Mariupol, onde um teatro, refúgio de mais de mil pessoas, foi bombardeado na quarta-feira pelas forças russas, Zelensky afirmou que mais de 130 sobreviventes foram resgatados dos escombros.
“Alguns sofrem, infelizmente, de ferimentos graves. Mas, nesta fase, não dispomos de informações sobre um [eventual] número de mortos”, indicou o líder ucraniano, precisando que “as operações de socorro prosseguem”. Zelensky disse que os corredores humanitários criados no país permitiram que mais de 180 mil ucranianos se afastassem dos combates, entre os quais mais de nove mil habitantes de Mariupol. “Mas os ocupantes continuam a bloquear a ajuda humanitária, sobretudo em torno de zonas sensíveis. É uma tática muito conhecida (…) é um crime de guerra”, acusou Zelensky. A Rússia “vai responder por isso. A 100%”, reiterou.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 816 mortos e 1.333 feridos entre a população civil, incluindo mais de 130 crianças, e provocou a fuga de cerca de 5,2 milhões de pessoas, entre as quais mais de 3,2 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes dados da ONU. As Nações Unidas apontaram que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia. A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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