UE considera reunião entre Chapo e Mondlane passo rumo “à reconciliação” em Moçambique
A União Europeia saudou hoje a reunião entre o Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, e o ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, no passado domingo, considerando o encontro um passo rumo “à reconciliação”.

Em comunicado, um porta-voz do Serviço de Ação Externa da UE, tutelado pela Alta-Representante para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Kaja Kallas, escreveu que o bloco comunitário “saúda o encontro entre o Presidente moçambicano, Daniel Chapo, e o ex-candidato presidencial Venâncio Mondelane”.
A reunião do último domingo é “um passo positivo rumo à reconciliação em Moçambique”, salientou.
A União Europeia “encoraja todos os intervenientes políticos” no país a continuarem o “diálogo significativo que restaure a confiança nas instituições públicas e que leve às reformas urgentes e aspirações da população moçambicana”.
A UE deixou um caderno de encargos que, na ótica do bloco político-económico europeu, o país africano devia seguir: “governança democrática, respeito pelos direitos humanos, desenvolvimento sustentável e economia próspera que beneficie todos os moçambicanos”.
Na segunda-feira, o ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane anunciou um acordo com o Presidente moçambicano para cessar a violência, inclusive contra polícia e membros do partido Frelimo, e garantias de assistência médica aos feridos durante protestos.
Mondlane anunciou também consensos com o Presidente de Moçambique para conceder indultos a detidos no contexto dos protestos.
“Todo o tipo de perseguição de ambas as partes, chegamos ao consenso de que isto deve cessar, deve parar”, repetiu Mondlane.
Também o Presidente moçambicano disse, horas após o encontro anunciado pela Presidência, que as desavenças não podem ser resolvidas com violência.
“Não se desenvolve um país com violência, porque violência gera violência. Não se desenvolve um país com ódio, porque ódio gera ódio. Não se desenvolve um país com maldade, porque maldade gera maldade. Para desenvolver Moçambique tem de haver amor entre irmãos”, afirmou Daniel Chapo.
Moçambique vive desde outubro um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas por Venâncio Mondlane, que rejeita os resultados eleitorais de 09 de outubro, que deram vitória a Daniel Chapo.
Atualmente, os protestos, agora em pequena escala, têm estado a ocorrer em diferentes pontos do país e, além da contestação aos resultados, os populares queixam-se do aumento do custo de vida e de outros problemas sociais.
Desde outubro, pelo menos 361 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, de acordo com a Plataforma Decide, uma organização não-governamental moçambicana que acompanha os processos eleitorais.
O Governo moçambicano confirmou pelo menos 80 óbitos, além da destruição de 1.677 estabelecimentos comerciais, 177 escolas e 23 unidades sanitárias durante as manifestações.
AFE (PVJ) // MLL
By Impala News / Lusa
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