UE discute missão de treino para apoiar exército ucraniano

A União Europeia poderá aprovar ainda este mês uma missão de treino e assistência ao exército ucraniano, revelou hoje o Alto Representante para a Política Externa, Josep Borrell, que acredita num compromisso entre os 27 na próxima segunda-feira.

UE discute missão de treino para apoiar exército ucraniano

Numa conferência de imprensa em Santander, Espanha, à margem de uma conferência sobre o futuro do projeto europeu e geopolítica, Borrell revelou que está a ser discutida, entre os Estados-membros, uma missão de treino para as forças armadas ucranianas, designadamente para formar o exército na utilização do armamento moderno que lhe está a ser fornecido por aliados, e a decorrer em países vizinhos da Ucrânia.

Lembrando que a UE tem atualmente 17 missões de treino e assistência militar espalhadas pelo mundo, incluindo em Moçambique, o chefe da diplomacia europeia considerou “razoável” que haja uma missão importante também para a Ucrânia. “Parece-me razoável que uma guerra que se prolonga e que parece que vai durar exija um esforço não só ao nível de fornecimento de material, mas também de treino e de ajuda à organização do exército”, comentou Borrell, acrescentando que esta ideia “está a ser debatida entre os Estados-membros e vai ser discutida politicamente na próxima segunda-feira, em Praga, ao nível de ministros da Defesa” da UE. “E espero que seja aprovada”, acrescentou o chefe do corpo diplomático da União.

A República Checa, que assume a presidência semestral do Conselho da UE até ao final do corrente ano, acolhe na próxima semana em Praga as reuniões de ‘rentrée’ política europeia, designadamente os encontros informais de ministros da Defesa, dias 29 e 30 de agosto, e dos Negócios Estrangeiros, a 30 e 31 de agosto.

Borrell lembrou que vários países, dentro e fora da UE, além de fornecerem material militar à Ucrânia também estão a prestar “no plano bilateral, o treino necessário para utilizar esse material”.O Alto Representante escusou-se a adiantar mais dados sobre esta provável missão, argumentando que não pode “antecipar detalhes de um acordo que ainda deve ser concluído por todos os Estados-membros”.

Em junho passado, o Governo português manifestou a disponibilidade de Portugal para dar treino a militares ucranianos, tendo a ministra da Defesa adiantado, à margem de uma reunião da NATO, que até já existe uma avaliação feita do tipo de formação que pode oferecer.

Lembrando que Portugal já forneceu “material militar, letal e não letal, equipamentos, munições, armamento, mas também material de comunicações e material sanitário”, e respondido a solicitações que têm chegado, como por exemplo ‘kits’ de primeiros socorros, além da disponibilidade para “receber feridos ucranianos”, Helena Carreiras disse então que está a ser ponderada “a possibilidade de dar treino aos soldados e às forças armadas ucranianas, a vários níveis”.

A ministra especificou que se trata de “oferecer treino aos soldados e forças armadas ucranianas em Portugal”, para, por exemplo, manobrarem carros de combate Leopard, “que é um equipamento que têm e para o qual precisam de treinar os seus soldados, e porventura também treino na área da desminagem e inativação de engenhos explosivos”.

A 28 de fevereiro, apenas quatro dias após o início da invasão russa, a UE adotou a inédita decisão de fornecer armas a um país terceiro, ao adotar um pacote de assistência de 450 milhões de euros para financiar a entrega de armas letais, mais 50 milhões em equipamento não letal, ao abrigo do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz.

Desde então, a UE adotou mais quatro pacotes idênticos, a 23 de março, 13 de abril, 23 de maio e 22 de julho, ascendendo assim a 2,5 mil milhões de euros os recursos já mobilizados ao abrigo do mecanismo, um instrumento extraorçamental criado para reforçar a capacidade da União em prevenir conflitos, consolidar a paz e reforçar a segurança internacional.

Lançada há praticamente meio ano – data que se assinala na quarta-feira –, a ofensiva militar russa na Ucrânia causou já a fuga de mais de 12 milhões de pessoas de suas casas – mais de seis milhões de deslocados internos e mais de seis milhões para os países vizinhos –, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que está a responder com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca à energia e ao desporto.

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