Um ano depois, aluna de Vimioso continua à procura de rede móvel para estudar
Já com aulas presenciais, e não ‘online’ como há um ano, Leonor Miranda, uma aluna de 13 anos residente em Serapicos, no concelho de Vimioso, continua à procura de rede móvel para fazer pesquisas para trabalhos escolares.
Há um ano, devido às restrições impostas pela pandemia da covid-19, a Lusa encontrou esta adolescente em regime de ensino ‘online’ a percorrer na carrinha do seu pai vários pontos da aldeia de Serapicos, no distrito de Bragança, em busca de rede para poder assistir às aulas. Passado este tempo, a situação em nada se alterou em relação à cobertura dos sistemas de comunicações móveis na aldeia. Apenas mudou o facto de Leonor poder agora assistir às aulas presenciais no Agrupamento de Escolas de Vimioso, onde estuda. “Se a situação vivida há um ano fosse [hoje] a mesma, [digo que] não se notam mudanças, já que a qualidade da rede móvel e de dados é a mesma, ou seja, nenhuma. Isto é frustrante. Se não tenho Internet não posso fazer o que quero ou preciso”, vincou à Lusa Leonor Miranda.
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A adolescente continua a acompanhar o pai enquanto este faz os trabalhos agrícolas. Ficando à sua espera num local onde haja rede. Desta vez, as pesquisas na Internet foram feitas num parque junto à ribeira de Angueira, ao ar livre e aproveitando um dia de sol. “Aproveito o meu tempo livre na escola para fazer as minhas pesquisas. Se não consigo na aldeia, em algum lado tenho de fazer o meu trabalho e as minhas pesquisas. Por vezes, numa situação mais complicada, lá tenho de pedir ao meu pai para me levar na carrinha para apanhar rede. Que é muito intermitente aqui na aldeia”, frisou.
“Se não consigo na aldeia, em algum lado tenho de fazer o meu trabalho e as minhas pesquisas”
Mesmo com a mudança das regras da pandemia a aluna ainda tem de se adaptar ao trabalho do pai na agricultura. Para, assim, os dois tirarem rendimento do dia e das deslocações. Tentando manter o equilíbrio e a concentração mediante a “complicada” tarefa de apreender à distância naquela aldeia do concelho de Vimioso, onde falta cobertura da rede de Internet das várias operadoras nacionais. Vítor Miranda, pai de Leonor, disse que a carrinha está sempre ao dispor das necessidades da sua filha, “porque é esforçada naquilo que faz”.
“A Leonor facilita-nos muito a vida porque tenta fazer o máximo que pode na escola. Mas aqui na aldeia tudo o que lhe fizer falta para estudar cá estamos para resolver a situação. Aos fins de semana vou com as ovelhas e ela acompanha-nos. A Leonor fica na carrinha estrategicamente colocada num sítio onde haja rede para fazer o seu trabalho”, afiançou o pai. Contactada pela Lusa, a Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) explicou que, na sequência do leilão 5G, entraram dois novos operadores no mercado. Passando a existir um total de cinco operadores móveis. A que acresce um operador grossista, além da Meo, Nos e Vodafone.
“Mas aqui na aldeia tudo o que lhe fizer falta para estudar cá estamos para resolver a situação”
“É expectável que a dinâmica do mercado se altere e que o aumento de concorrência contribua para o aparecimento de mais ofertas, inovadoras e a preços competitivos”, indicou o regulador. Segundo a ANACOM, ao nível da cobertura também haverá um impacto positivo. Uma vez que o regulamento do leilão impõe obrigações: as redes móveis de alta velocidade deverão cobrir 75% da população de cada freguesia em 2023 e 90% da população em 2025. “Ao nível da fibra ótica, também se espera uma melhoria da situação. A ANACOM está a promover uma consulta relativa à cobertura de redes fixas de capacidade muito elevada no território nacional e sobre as opções existentes quanto à instalação, gestão, exploração e manutenção dessas redes nas “áreas brancas”, com recurso a financiamento público, designadamente da União Europeia”, explicou na mesma nota aquela entidade reguladora das comunicações.
ANACOM está a promover uma consulta relativa à cobertura de redes fixas de capacidade muito elevada no território nacional
O objetivo final, segundo a ANACOM, é garantir o acesso de toda a população a redes de capacidade muito elevada (Gigabit). Tendo como propósito assegurar a cobertura de todo o território nacional. Garantindo a cobertura de todos os agregados familiares por redes Gigabit até 2030. Sendo consideradas como prioritárias as áreas de baixa densidade populacional. Favorecendo a coesão territorial e a valorização dos territórios do interior. “Desta forma, pretende-se melhorar a atual situação do país. Onde subsistem algumas falhas de mercado na cobertura do território nacional. Sobretudo em áreas menos povoadas, facilitando a transição digital e promovendo a coesão económica, social e territorial”, concluiu aquela entidade.
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