Uma centena juntou-se em Lisboa para pedir queda do regime venezuelano
Uma centena de pessoas juntou-se hoje na Praça dos Restauradores, em Lisboa, para pedir “uma mudança” política na Venezuela e “a queda” do regime de Nicolas Maduro, no dia em que o país sul-americano vai a votos.
Munidos de bandeiras, cartazes e bonés estilo beisebol, foram várias as dezenas de venezuelanos residentes em Portugal a querer manifestar o seu apoio aos partidos políticos que concorrem contra o atual Presidente do país, Nicolas Maduro.
“Este Governo vai cair” e “queremos liberdade” foram algumas das palavras de ordem entoadas pelos manifestantes.
Um dos presentes, Fernando Rodriguez, a morar em Portugal há oito anos, contou à agência Lusa que só deseja “uma verdadeira mudança” no país que o viu nascer.
“Há uma boa oportunidade para que a oposição ganhe, mas não depende a 100% dos políticos ou do povo. Depende do comportamento do Governo. Se forem verdadeiras [as eleições] vão deixar que sejam o mais democráticas possível”, afirmou, enquanto segurava na mão uma bandeira do seu país.
Pablo Benitez, que vive em Portugal há três anos, reiterou a ideia de que a Venezuela precisa de “uma mudança e liberdade”.
“Hoje são as eleições e esperamos uma mudança favorável para a Venezuela. Quero agradecer a Portugal por nos abrir as portas. Esperamos amanhã poder celebrar pelo futuro dos nossos filhos, dos nossos netos”, afirmou, exprimindo-se em espanhol.
O sentimento é partilhado pela compatriota Maria Silva, residente em Portugal há sete anos, que mais do criticas ao regime de Nicolas Maduro prefere deixar uma mensagem de esperança.
“Vejo com muita esperança, muita fé, que hoje seja o dia da transição e que a gente consiga a liberdade. Não podemos estar lá, então esta é uma maneira de apoiar e dizer que nós também estamos cá”, sublinhou.
Mas nesta manifestação também participaram cidadãos não venezuelanos, que quiseram manifestar o seu apoio e solidariedade com a situação vivida no país sul-americano, como foi o caso do cubano Alberto Perez.
“A ditadura que existe hoje em Venezuela tem muito que ver com a ditadura militar fascista de Cuba. Vai ser uma ironia da vida que a Venezuela, que caiu na ditadura apoiada pelo ditador Fidel Castro, agora seja em Cuba uma esperança de liberdade, com a liberdade recuperada do povo venezuelano”, argumentou.
A Venezuela, país latino-americano rico em petróleo mas a braços com uma crise económica e social sem precedentes, realiza hoje eleições presidenciais, após uma campanha eleitoral tensa e marcada por um sentimento de incerteza sobre o futuro.
Cerca de 21 dos 30 milhões de venezuelanos são chamados às urnas para escolher entre 10 candidatos, mas a disputa presidencial será entre dois nomes: o atual Presidente Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela), herdeiro do antigo líder Hugo Chávez e que procura conquistar um terceiro mandato consecutivo de seis anos, e Edmundo Gonzalez Urrutia (Plataforma Unitária Democrática), um diplomata reformado que substituiu na corrida eleitoral a carismática líder da oposição Maria Corina Machado, declarada inelegível pelas autoridades de Caracas.
Na reta final da campanha, Maduro considerou que uma vitória da oposição poderia originar “um banho de sangue”, enquanto a coligação opositora prometeu lutar “até ao fim”.
As sondagens mostram que a oposição está à frente nas intenções de voto, mas alguns observadores acreditam que a luta entre Maduro, 61 anos, e Gonzalez Urrutia, 74 anos, é muito mais renhida do que as estimativas sugerem.
Mergulhado numa crise económica sem precedentes, sete milhões de venezuelanos fugiram do país, que conta com uma significativa comunidade de portugueses e de lusodescendentes.
A maioria da população do país vive com alguns dólares por mês e os sistemas de saúde e de educação estão completamente degradados.
FAC (PCR) //APN
By Impala News / Lusa
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