Uruguai anuncia cessar-fogo mediado pela missão da ONU na RDCongo

O exército do Uruguai anunciou que as forças armadas da República Democrática do Congo (RDCongo) e o grupo armado Movimento 23 de Março (M23) chegaram a um acordo de cessar-fogo, mediado pela missão da ONU

Uruguai anuncia cessar-fogo mediado pela missão da ONU na RDCongo

“Após os esforços da MONUSCO [Missão das Nações Unidas na República Democrática do Congo], foi alcançado um acordo de cessar-fogo entre as facções em guerra”, disse na segunda-feira o exército do Uruguai.

A MONUSCO, que inclui centenas de soldados uruguaios, esteve envolvida na luta contra o M23, alegadamente apoiado pelo Ruanda, ao lado do exército congolês em Goma, capital da província de Kivu do Norte, no leste do país.

“Este acordo entra em vigor a partir das 19:00 [18:00 em Lisboa] para a cessação completa das hostilidades. Os membros do contingente de cidadãos uruguaios vão descansar após 96 horas de operações intensas”, referiram as Forças Armadas uruguaias, em comunicado.

Não houve até ao momento qualquer confirmação oficial da trégua por parte do Governo congolês ou do M23.

O presidente da Assembleia Nacional congolesa, Vital Kamerhe, anunciou no final de uma reunião interinstitucional que o Presidente do país, Félix Tshisekedi, iria discursar à nação “em breve”.

A Câmara Baixa do parlamento congolês recomendou uma reorganização imediata do comando militar na província do Kivu do Norte, em particular do setor operacional e militar.

Embora o M23 tenha anunciado que assumiu o controlo de Goma, Kamerhe garantiu que as Forças Armadas da RDCongo e milícias aliadas “continuam a manter o controlo de certas posições da cidade”.

Pelo menos 17 pessoas morreram e 367 ficaram feridas devido aos confrontos na segunda-feira em Goma, que tem um milhão de habitantes e outros tantos deslocados, segundo relatórios hospitalares.

O M23 – constituído em 04 de abril de 2012, quando 300 soldados das Forças Armadas da RDCongo se sublevaram por alegado incumprimento do acordo de paz de 23 de março de 2009, que dá nome ao movimento, e pela perda de poder do então líder, Bosco Ntaganda – voltou a pegar em armas no final de 2021, depois de uma década adormecido.

Na quarta-feira vai realizar-se uma cimeira extraordinária da Comunidade dos Estados da África Oriental sobre esta situação, com participação dos Presidentes da RDCongo e do Ruanda, anunciou a Presidência queniana.

Uma mediação entre a RDCongo e o Ruanda sob a égide do Presidente angolano, João Lourenço, mandatado pela União Africana, falhou em dezembro devido à falta de consenso sobre as condições de um acordo.

O conflito entre o M23, apoiado por três mil a quatro mil soldados do Ruanda, segundo a ONU, e o exército congolês dura há mais de três anos.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou no domingo ao Ruanda para se retirar de território congolês e retirar o apoio ao M23.

 

VQ (NYC/EL) // CAD

By Impala News / Lusa

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