Utentes da Fertagus querem regresso a horários anteriores para minorar transtornos de passageiros
A Comissão de Utentes da Fertagus defendeu hoje, como medida para os transtornos no serviço ferroviário entre as duas margens do Tejo, um regresso aos horários antes de 15 de dezembro, enquanto não houver compra de mais material circulante.
“A medida imediata é esta administração [Fertagus] pegar nos estudos que faz, refletir e, rapidamente, tomar medidas. Se a realidade, apesar de má, sempre era melhor antes do dia 15 de dezembro, provavelmente terá de passar-se para essa [solução]”, disse Aristides Teixeira à agência Lusa.
O dirigente da Comissão de Utentes da Fertagus reconheceu que, enquanto não houver uma forma potenciada pelo Governo de compra de mais material circulante, “há que refazer os horários novamente e, sobretudo, [o número das] carruagens”.
“Tem de haver mais carruagens para percursos maiores nas horas de ponta. Isso é fundamental. Até lá, a situação é de uma grande indignidade [para os utentes] e não podemos continuar nesta bagunça”, apontou.
Em dezembro, a Fertagus alterou os horários dos comboios entre as duas margens do Tejo, passando a ter uma periodicidade de 20 minutos nos dois sentidos, no âmbito do alargamento do contrato de concessão da Fertagus por seis anos e meio, até 31 março de 2031.
Até então, a circulação era feita de 30 em 30 minutos nos dias úteis e de 60 em 60 minutos aos sábados, domingos e feriados.
Contudo, os utentes queixam-se que a alteração introduzida não foi acompanhada de um reforço de carruagens, havendo relatos de passageiros de estações dos concelhos de Almada e Seixal (Coina, Fogueteiro, Foros de Amora, Corroios e Pragal) de não conseguirem lugar no horário que habitualmente usavam.
O Governo avançou hoje estar a avaliar “todas as possibilidades no mercado” para melhorar a curto prazo o serviço nos comboios da Fertagus entre Setúbal e Lisboa, referindo que, como medidas imediatas, na próxima segunda-feira a IP — Infraestruturas de Portugal vai levantar as restrições ao limite de velocidade no troço Coina-Pinhal Novo, uma “medida que permitirá ganhar dois minutos nas viagens”, afetando “diretamente os comboios que circulam de norte para sul”.
“A equipa da Secretaria de Estado da Mobilidade (…) está a apurar a disponibilidade de material circulante operacional ou em manutenção com o objetivo de perceber se é possível fazer uma melhor gestão do mesmo e garantir melhor qualidade aos utilizadores”, pode ler-se, numa resposta de Cristina Pinto Dias enviada à agência Lusa.
Em relação a esta medida, Aristides Teixeira considerou-a algo “ridículo e que faz parte de quem não conhece a realidade”, uma vez que, os dois minutos “ficam diluídos numa outra situação que é de em cada estação as pessoas agredirem-se e empurrarem-se para entrar, perdendo muito mais que dois minutos”.
“Vamos contabilizar isso ao fim de dezenas de estações até Lisboa ou vice-versa. Nenhum comboio consegue cumprir nas horas de ponta os horários, isto é um transtorno que toca a todos os passageiros”, salientou.
A presidente da Câmara de Almada, Inês de Medeiros (PS) esteve na estação que fica no seu concelho, Pragal, onde alertou para a necessidade urgente de um reforço do número de carruagens, sublinhando que o novo modelo prejudica a população de Almada e do Seixal, porque quando os comboios chegam já vêm cheios.
Também o presidente da Câmara do Seixal, Paulo Silva (PCP), considerou “chocante” o modo como os passageiros circulam nos comboios “sem quaisquer condições e como sardinhas em lata”, exigindo uma resolução urgente do problema.
O autarca, entretanto, já reuniu com a Fertagus avançando que a empresa alega que, entre as 07:00 e as 09:00, os comboios circulam com 65% da capacidade, pelo que apelou aos munícipes que lhe mandem fotografias para comprovar que o serviço “está a ser feito sem respeito pelos utentes”.
A Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) já pediu informações à Fertagus sobre a insatisfação dos passageiros com os novos horários dos comboios.
Também deputados do PS e do PCP alertaram para a “degradação do serviço da Fertagus” devido à insuficiência de material circulante após o reforço das ligações ferroviárias e pediram esclarecimentos ao Ministério das Infraestruturas e da Habitação.
A Concelhia do PSD do Seixal também já exigiu melhorias imediatas no serviço da Fertagus, incluindo a adequação do número de carruagens nas composições durante as horas de ponta para fazer face ao volume de passageiros, a reparação das composições com infiltrações e intervenções urgentes nas infraestruturas para evitar atrasos e garantir um serviço eficiente.
A ligação ferroviária entre Lisboa e a margem Sul foi inaugurada em 29 de julho de 1999, com o objetivo de retirar carros da Ponte 25 de Abril.
A travessia liga as estações de Roma-Areeiro, em Lisboa, a Setúbal, e conta com 10 estações na margem Sul e quatro na capital.
RCP (DMC/GC/GR) // JLG
By Impala News / Lusa
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