Vice-presidente dos EUA reúne-se com líder da extrema-direita alemã em Munique

O vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, reuniu-se hoje com a candidata a chanceler da extrema-direita alemã, Alice Weidel, em Munique, uma semana antes das eleições legislativas no país, noticiou a televisão pública ZDF.

Vice-presidente dos EUA reúne-se com líder da extrema-direita alemã em Munique

A reunião decorreu num hotel da cidade onde está a decorrer a Conferência de Segurança, durante a qual JD Vance criticou o “cordão sanitário” dos outros partidos para impedir o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) de aceder ao poder e criticou o estado da democracia na Europa.

O candidato conservador Friedrich Merz, favorito nas sondagens para as eleições legislativas alemãs de 23 de fevereiro, reafirmou no domingo que o seu partido, a União Democrata-Cristã (CDU), nunca fará uma aliança com o partido de extrema-direita AfD.

“Aquilo a que a democracia alemã, como todas as outras, não pode sobreviver é dizer a milhões de eleitores que os seus pensamentos e preocupações (…) nem sequer merecem ser tomados em consideração”, insistiu JD Vance na sua intervenção na conferência.

Em Berlim, este apelo foi encarado como mais um caso de ingerência do Governo de Donald Trump na campanha eleitoral alemã, depois do repetido apoio ao partido AfD enunciado pelo multimilionário norte-americano Elon Musk.

O porta-voz do chanceler Olaf Scholz advertiu contra a “ingerência” dos líderes norte-americanos nos assuntos internos da Alemanha, sublinhando que o país europeu, devido ao seu passado histórico, tem uma “abordagem mais rigorosa do que os Estados Unidos” em relação à expressão de ideias extremistas.

Tal advertência não impediu, contudo, JD Vance de hoje se encontrar com a candidata da AfD num hotel de Munique.

O vice-presidente norte-americano também atacou a Suécia por ter condenado o companheiro de Salwan Momika, um homem morto no final de janeiro após despertar a ira dos países muçulmanos ao queimar exemplares do Corão, o livro sagrado do Islão.

Contactado pela agência de notícias francesa AFP, o ministro da Justiça sueco, Gunnar Strömmer, reagiu afirmando que a Suécia tem “uma das mais amplas proteções da liberdade de expressão do mundo”, mas que esta não é, mesmo assim, “ilimitada”.

Falando depois de Vance na tribuna da conferência internacional, o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, classificou as afirmações do vice-presidente dos Estados Unidos como “inaceitáveis”.

Na Alemanha, “partidos extremistas como o AfD” podem “fazer uma campanha eleitoral perfeitamente normal”, sublinhou, apontando como exemplo a presença de Alice Weidel “em horário nobre na televisão” no dia anterior.

E “os meios de comunicação social que difundem propaganda russa também são permitidos” nas conferências de imprensa do Governo, disse ainda, em reação a um incidente com a agência de notícias norte-americana, The Associated Press (AP) na Casa Branca, na véspera.

Em Washington, a AP disse na quinta-feira que um dos seus jornalistas tinha sido novamente impedido de aceder a um evento na Casa Branca e denunciou uma “escalada muito preocupante” nos limites à liberdade de expressão nos Estados Unidos.

O Governo de Trump criticou a AP por não utilizar o novo termo “Golfo da América” quando se refere ao Golfo do México.

ANC // SCA

By Impala News / Lusa

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