Xi Jinping tenta posicionar China como fonte de estabilidade para Sudeste Asiático

Pequim, 16 abr 2025 (Lusa) — O Presidente chinês está a usar um périplo pelo Sudeste Asiático para defender o comércio livre e posicionar Pequim como fonte de estabilidade, numa altura em que a região é o principal alvo das tarifas de Washington.Xi Jinping foi recebido na segunda-feira em Hanói com pompa e circunstância pelo […]

Xi Jinping tenta posicionar China como fonte de estabilidade para Sudeste Asiático

Pequim, 16 abr 2025 (Lusa) — O Presidente chinês está a usar um périplo pelo Sudeste Asiático para defender o comércio livre e posicionar Pequim como fonte de estabilidade, numa altura em que a região é o principal alvo das tarifas de Washington.

Xi Jinping foi recebido na segunda-feira em Hanói com pompa e circunstância pelo Presidente do Vietname, Luong Cuong, e no dia seguinte partiu para Kuala Lumpur, capital da Malásia, parte de um périplo de três dias que termina no Camboja.

Em Hanói, Xi disse ao secretário-geral do Partido Comunista do Vietname, To Lam, que os dois países “trazem valiosa estabilidade e certeza” a um “mundo turbulento”.

“Como beneficiários da globalização económica, tanto a China como o Vietname devem reforçar a determinação estratégica, opor-se conjuntamente a atos unilaterais de intimidação, defender o sistema global de comércio livre e manter estáveis as cadeias industriais e de abastecimento globais”, afirmou Xi Jinping, segundo um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

China e Vietname assinaram uma série de memorandos sobre cooperação nas cadeias de abastecimento e um projeto ferroviário conjunto. Xi prometeu maior acesso às exportações agrícolas vietnamitas para a China.

O Vietname é visto como principal beneficiário do ‘comércio triangular’ utilizado pelos exportadores chineses para contornarem as taxas impostas pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre centenas de milhares de milhões de dólares de importações oriundas da China, durante o seu primeiro mandato (2017–2021).

Este sistema permitiu que produtos fossem exportados quase concluídos da China para o país vizinho, para ser acrescentado um componente ou acabamento, visando alterar o local de fabrico.

Os EUA absorvem agora quase 30% das exportações vietnamitas, com o excedente de Hanói no comércio bilateral a fixar-se em 104 mil milhões de dólares (101 mil milhões de euros), quase três vezes o valor de 38 mil milhões de dólares (37 mil milhões de euros) de 2017, quando Trump tomou posse.

Vietname e Camboja são assim os países mais punidos com os aumentos das taxas – 46% e 49%, respetivamente -, a seguir à China. No entanto, Trump incluiu ambos numa trégua de 90 dias, enquanto aumentou para 145% as tarifas sobre produtos oriundos da China. 

Reagindo à visita de Xi a Hanói, o republicano disse que a China e o Vietname estavam a tentar “descobrir como lixar os Estados Unidos da América”.

Na Malásia, Xi deve discutir um acordo de comércio livre entre a China e os 10 membros da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), uma vez que a Malásia preside à associação este ano. O dirigente chinês deve reunir-se hoje com o rei sultão Ibrahim e o primeiro-ministro Anwar Ibrahim.

Citado pela imprensa chinesa, o secretário-geral da ASEAN, Kao Kim Hourn, afirmou que o acordo vai eliminar muitas das taxas alfandegárias entre a China e os membros do bloco.

“Vamos reduzir as tarifas para zero em muitos casos e depois expandi-las para todas as áreas”, afirmou, numa entrevista à televisão estatal da China CGTN.

A Malásia é sede de vários projetos da Iniciativa Faixa e Rota, incluindo um projeto ferroviário chinês no valor de 11,2 mil milhões de dólares (9,9 mil milhões de euros). A China é também o maior parceiro comercial e uma das principais fontes de investimento direto estrangeiro da Malásia.

“Do ponto de vista chinês, trata-se sobretudo de garantir que a influência da China na região se mantém forte e vibrante, sendo o Sudeste Asiático o principal parceiro comercial da China”, afirmou Oh Ei Sun, investigador do Instituto de Assuntos Internacionais de Singapura, citado pela Associated Press.

“A China pode oferecer muito ao Vietname e a outros países da ASEAN durante este período volátil”, disse Nguyen Thanh Trung, professor de estudos vietnamitas na Universidade Fulbright do Vietname. “Penso que a China pode ser um líder”, frisou.

 

JPI // CAD

By Impala News / Lusa

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