Zelensky apela para se desconfiar da intenção de Putin sobre fazer paz com Kiev
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, apelou hoje para se desconfiar da verdadeira intenção do homólogo russo, Vladimir Putin, de pôr fim à guerra na Ucrânia, após conversar com o Presidente norte-americano, Donald Trump, sobre realizar negociações de paz.
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Numa mensagem publicada na rede social X (antigo Twitter), relatando uma conversa telefónica com o primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, Zelensky disse ter “avisado os dirigentes internacionais para não confiarem nas declarações de Putin de que está pronto para pôr fim à guerra” que trava há quase três anos no país vizinho.
Também na rede social X, Tusk indicou hoje ter mantido conversas telefónicas com líderes europeus, entre os quais o Presidente ucraniano e o chanceler alemão, Olaf Scholz, para defender que a Ucrânia, a União Europeia (UE) e os Estados Unidos deverão estar “totalmente unidos ao empenharem-se em negociações de paz” com a Rússia.
Scholz alertou hoje para o risco de as negociações conduzirem a uma vitória russa e a uma “desintegração” da Ucrânia, numa altura em que na Europa se teme a ideia de um acordo selado entre Washington e Moscovo a expensas de Kiev.
O chanceler alemão defendeu que nenhuma decisão sobre a Ucrânia pode ser tomada sem a participação dos ucranianos e dos europeus, depois de Trump ter acordado com Putin o início de conversações para pôr fim à guerra, sublinhando que “uma paz imposta” é inaceitável.
“Nada sobre a Ucrânia sem os ucranianos e nada sobre a Europa sem os europeus. Uma paz tem de ser duradoura, tem de garantir a soberania da Ucrânia e é por isso que nunca apoiaremos uma paz imposta”, declarou Scholz em Berlim, antes do início da Conferência de Segurança de Munique, que vai decorrer entre sexta-feira e domingo.
“Também não aceitaremos uma solução que implique uma dissociação da segurança dos Estados Unidos da Europa. Só o Presidente Putin beneficiaria com isso”, observou.
O líder alemão considerou “correto” que Trump tenha falado diretamente com Putin, algo que ele próprio fez em várias ocasiões desde o início da guerra na Ucrânia, e também concordou que o conflito “deve terminar o mais rapidamente possível”.
“Sabemos que ninguém quer a paz mais do que a Ucrânia, mas ao mesmo tempo é absolutamente claro que uma vitória da Rússia ou a desintegração da Ucrânia não são a paz, muito pelo contrário”, sublinhou, referindo-se depois aos riscos para a estabilidade na Europa e instando a UE a defender os seus próprios interesses nas negociações com determinação.
A Ucrânia precisa de um Exército capaz de repelir uma nova invasão russa, uma vez terminada a guerra, e os Estados Unidos e a Europa são necessários para o efeito, sustentou Scholz.
“Estas podem ser palavras pouco habituais para um chanceler e podem ser preocupantes para alguns, mas trata-se de uma questão de guerra ou de paz na Europa”, afirmou o político social-democrata, a favor de que se mantenha a aliança com os Estados Unidos e a que a Europa invista mais em segurança.
“Para que a Europa continue a ser um aliado ao mesmo nível [que os Estados Unidos], temos de fazer mais”, afirmou, salientando que o montante do investimento na defesa deve depender das capacidades militares que a NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental) avaliar como necessárias.
Por todas estas razões, a nível europeu é necessário fazer avançar o debate sobre a forma de aumentar o investimento em segurança e defesa, insistiu.
À escala nacional, Scholz explicou que, para manter o objetivo de afetar 2% do Produto Interno Bruto (PIB) na Defesa, será necessário investir mais 30 mil milhões de euros a partir de 2028, algo que não pode ser conseguido poupando um pouco aqui e ali.
Por isso, e já em modo de campanha para as eleições legislativas na Alemanha, que se realizam dentro de dez dias, Scholz reiterou a sua proposta de revisão do mecanismo constitucional conhecido como travão da dívida, que os conservadores, favoritos nas sondagens, rejeitam.
Pediu também que o Bundestag (câmara baixa do parlamento federal) aprove a declaração da guerra na Ucrânia como uma situação de emergência, tal como definido na Constituição alemã, para que se possa contrair dívida adicional para financiar o apoio militar a Kiev e o investimento na própria segurança, sem ter de fazer poupanças noutras áreas.
“Não agir agora colocará em risco a segurança do país e do continente”, advertiu.
ANC // SCA
By Impala News / Lusa
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