Adolescentes dizem ter matado Lucas Miranda “por compaixão”
Um dos acusados da morte diz que Lucas Miranda estava constantemente a dizer que queria morrer e que as técnicas do lar de acolhimento ignoraram os alertas.
Leandro Vultos e Ricardo Cochicho estão acusados de matar Lucas Miranda, jovem de 15 anos asfixiado até à morte num centro de acolhimento em Palmela. Os dois rapazes confessaram o crime ao Tribunal de Setúbal. Garantem ainda ter pedido diversos pedidos da vítima para que o ajudassem a acabar com a própria vida.
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“O Lucas estava bastante frágil, a sofrer e queria que o matasse. Eu acedi ao pedido por compaixão”, disse Leandro Vultos, com declarações citadas pelo JN. Por sua vez, Ricardo Cochicho, acusado de cumplicidade, não aguentou as lágrimas ao ser confrontado com imagens do crime. “Ele pediu a todos para o matarem e nós acedemos, não consigo explicar porquê”, refere. Leandro salienta ainda que alertou as técnicas do Centro Tabor para o facto de Lucas querer morrer. Falando mesmo de uma tentativa de suicídio. “Ninguém valorizou o que disse, ele saltou das escadas um dia para se matar e chamei à atenção a diretora do centro, mas ninguém quis saber”, conta.
“Ninguém valorizou o que disse, ele saltou das escadas um dia para se matar e chamei à atenção a diretora do centro, mas ninguém quis saber”
Lucas Miranda morreu a 15 de outubro de 2020. Duas semanas depois de o adolescente ter sido colocado no Centro Tabor por decisão da sua mãe adotiva e contra a sua vontade. Algo que, destaca o Ministério Público, levou a que se sentisse rejeitado. Fugiu em diversas ocasiões, sendo sempre encontrado. No centro dizia frequentemente aos colegas que desejava morrer, dizendo mesmo querer ser enforcado. Para a acusação, os dois arguidos entenderam estas palavras como um pedido.
“Ele pediu a todos para o matarem e nós acedemos, não consigo explicar porquê”
Dois dias antes da morte, Leandro Vultos perguntou a Lucas Miranda se queria saber como era perder os sentidos. Algo que faria com recurso a um golpe mata leão. Que passa por colocar um braço no pescoço e apertar o mesmo até que a pessoa perca os sentidos. Assim foi e, quando a vítima recuperou os sentidos, terá dito ter a certeza de querer aquilo. Segundo a acusação, depois de matarem o adolescente, os jovens criaram um cenário que permitisse acreditar no suicídio, antes de atirarem o corpo para um poço. Um perito em medicina legal revelou que Lucas Miranda sofreu um forte pancada na cabeça que o fez ficar inconsciente. E que só depois foi asfixiado até à morte. Os jovens estão acusados de um crime de homicídio qualificado e um crime de profanação de cadáver.
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Texto: Bruno Seruca
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