Alergia a tinta de cabelo: “Só posso lavar o cabelo a cada dez dias, sinto muito ardor”
Depois de Estelle, outras mulheres contactaram o Le Parisien para relatar as suas experiências. As reações alérgicas são causadas pelo componente PPD.
Depois da história de Estelle, uma jovem francesa que sofreu uma alergia depois de pintar o cabelo e ficou desfigurada, outras mulheres decidiram dar o seu testemunho ao le Parisien. Sabrine Launay, ao ver a experiência de Estelle, decidiu partilhar também o que viveu. “Trata-se de algo muito grave que tem de ser denunciado”, afirma ao jornal. A mulher comprou uma coloração que por ser bio decidiu não fazer o teste e utilizar de imediato no cabelo. Alguns dias depois, começou a sentir a cara a inchar. Numa ida ao hospital foi-lhe dado cortisona, mas as melhoras não foram imediatas. Ao longo de alguns dias, Sabrine teve o couro cabeludo irritado e o rosto inchado.
Uma jovem de 19 anos partilhou, ao Le Parisien, o seu testemunho com uma tinta para pintar o cabelo, à qual fez alergia, e a deixou em estado grave (… continue a ler aqui)
Só um mês depois da aplicação da tinta no cabelo é que o rosto da mulher francesa voltou à normalidade. Hoje em dia, só pode «lavar o cabelo a cada dez dias» e, cada vez que o faz, sente “ardor”. Anne teve uma reação alérgica, mas numa experiência diferente. Em 2002, numa viagem a Espanha, a jovem decidiu fazer uma tatuagem de hiena. A tinta contém uma elevada concentração de PPD e, como tal, Anne ficou com o braço inchado. Na altura, a mulher pensava que se tratava de um efeito secundário normal.
Depois disto, sofreu uma outra alergia, mas desta vez com outra proporções. Ao pintar o cabelo, o seu rosto inchou e, aconselhada por um médico, informaram-lhe que era alérgica ao amoníaco presente no produto de coloração. Numa segunda tentativa de coloração, escolheu uma tinta sem amoníaco. Contudo, o resultado foi o mesmo. “Acordei com uma cabeça de melancia”, conta. Anne veio a descobrir que era alérgica ao PPD, que lhe deixou consequências no cabelo. “Antes deste incidente tinha um cabelo lindo, agora tenho um de uma criança de cinco anos. É muito fraco”, lamenta.
Nem todos os casos são recentes. A história de Elisa tem trinta anos. Na altura, estava a realizar um curso de cabeleireiro. “Tive de abandonar o curso cerca de dois meses depois por causa de uma alergia ao PPD. As minhas mãos ficavam paralisadas ao ponto de não conseguir segurar os talheres à mesa”, relata. Anos mais tarde, a mulher voltou a sofrer uma segunda reação alérgica. Numa ida ao cabeleireiro, para pintar o cabelo, usaram uma tinta com PPD sem o seu consentimento. “O meu rosto começou a inchar e o meu couro cabeludo tornou-se uma ferida gigante.”
A opinião dos dermatologistas
Segundo Catherine Oliveres-Ghouti, membro do Sindicato Nacional dos Dermatologistas, em França, e citada pelo Le Parisien, “2 a 3% da população é alérgica à parafenilenodiamina, sendo que uma em cada duas pessoas pinta o cabelo”. Nas suas consultas, a médica diz já ter visto muita coisa. Mas casos extremos como o de Estelle são “raros”. O PPD também pode ser encontrado em roupas escuras e tatuagens de hiena. Para a Dr. Catherine, remover esta componente do mercado seria remover “todos os corantes escuros”. “É preciso informar melhor os consumidores para os riscos que correm.”
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