Angelina Jolie defende na ONU papel das mulheres na mediação de conflitos
Angelina Jolie defendeu nas Nações Unidas que o mundo não conseguirá acabar com os conflitos enquanto continuar a excluir as mulheres da mediação e processos de decisão.
A atriz norte-americana Angelina Jolie defendeu hoje nas Nações Unidas (ONU) que o mundo não conseguirá acabar com os conflitos enquanto continuar a excluir as mulheres da mediação de conflitos e dos processos de decisão.
“Enquanto continuarmos a colocar qualquer outro assunto à frente dos direitos e da participação das mulheres, iremos continuar presos num ciclo de violência e de conflito”, declarou Angelina Jolie, enviada especial do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) desde 2012.
A atriz falava diante de ministros e de outros representantes de todo o mundo que participavam em Nova Iorque numa conferência sobre as operações de manutenção de paz da ONU, evento que contou com a presença do ministro da Defesa português, João Gomes Cravinho. Na intervenção, Angelina Jolie destacou que em vários pontos do mundo há inúmeros exemplos de mulheres que estão a assumir a liderança e a ser um exemplo, lembrando, no entanto, que muitas mulheres também são vítimas da guerra e de abusos. “As mulheres estão absolutamente no epicentro dos conflitos modernos, no pior sentido possível”, lamentou a ativista, insistindo que, na maioria dos casos, elas continuam a ser mantidas longe dos processos de decisão.
“Se seguíssemos o princípio de que as pessoas afetadas por um problema deviam ser responsáveis por determinar a solução, então a maioria dos negociadores de paz, dos ministros dos Negócios Estrangeiros e dos diplomatas seriam mulheres”, prosseguiu.
A enviada especial do ACNUR focou o caso específico das atuais negociações de paz com os talibãs no Afeganistão, onde “milhares de mulheres arriscaram as próprias vidas” em defesa dos seus direitos e dos respetivos filhos e que agora não são consideradas no processo.
A atriz também pediu uma maior participação de elementos do sexo feminino nas missões de paz da ONU e uma maior atenção para os problemas das mulheres nos conflitos.
“Temer os abusos de um capacete azul [designação como são conhecidos os elementos das missões de paz da ONU] não é proteção. Viver com medo que a nossa filha possa ser violada por combatentes não é segurança”, apontou a atriz norte-americana, que concluiu: “Negar a representação de metade da população em negociações de paz ou governos não é o caminho para a estabilidade a longo prazo”.
Nos últimos anos, denúncias de violações de menores e de outros abusos de cariz sexual presumivelmente cometidos por capacetes azuis, nomeadamente os destacados na República Centro-Africana e na República Democrática do Congo, colocaram as Nações Unidas no centro das atenções pelos piores motivos.
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