Anúncio de coordenação nacional para gestão do tema dos abusos na Igreja esperado hoje em Fátima
A constituição de um grupo coordenador nacional das 21 comissões diocesanas de proteção de menores e adultos vulneráveis é uma das medidas cujo anúncio é esperado para hoje no final da Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa.
A constituição de um grupo coordenador nacional das 21 comissões diocesanas de proteção de menores e adultos vulneráveis é uma das medidas cujo anúncio é esperado para hoje no final da Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa. Quando ao início da tarde, em Fátima, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), José Ornelas, anunciar as conclusões da reunião que juntou o episcopado desde segunda-feira, a expectativa estará voltada para a possibilidade de, além da criação deste grupo coordenador, se ir mais além, dando resposta positiva ao apelo de 241 católicos no sentido de ser empreendida uma investigação independente sobre os abusos no seio da Igreja.
Na segunda-feira, mais de duas centenas de católicos enviaram uma carta à CEP, defendendo que “não existe alternativa” e que aquele órgão “deve tomar a iniciativa de organizar uma investigação independente sobre os crimes de abuso sexual na Igreja”. O documento, assinado por figuras como a escritora Alice Vieira, o deputado José Manuel Pureza, o jornalista Jorge Wemans ou o ex-presidente da Cáritas, Eugénio Fonseca, é perentório: “Se queremos manter um diálogo com a sociedade a que pertencemos e que servimos, não existe alternativa!”.
Nesse dia, o presidente da Conferência assegurara que a Igreja portuguesa tudo fará para “proteger as vítimas, apurar a verdade histórica” e impedir situações de abuso sexual no seio da instituição. Na abertura da 201.ª Assembleia Plenária da CEP, que teve a questão dos abusos no seio da Igreja como tema dominante, José Ornelas, também bispo de Setúbal, disse que o tema é “desafiador para toda a sociedade” e que a Igreja o toma “como prioritário”.
“É um dos assuntos desta Assembleia, no propósito de verificar os processos em curso, articular melhor as instâncias diocesanas e a coordenação nacional, de modo a oferecer oportunidades seguras e fiáveis no acolhimento de denúncias e acompanhamento às vítimas de abusos, na clarificação de processos e, sobretudo, na formação de pessoas”, disse o presidente da Conferência Episcopal, deixando a garantia: “Faremos tudo para proteger as vítimas, apurar a verdade histórica e impedir estas situações dramáticas que destroem pessoas e contradizem o ser e a missão da Igreja”.
Anteriormente, o secretário da CEP, padre Manuel Barbosa, já anunciara que a Igreja Católica em Portugal iria avançar com a constituição da comissão nacional de coordenação das comissões diocesanas de proteção de menores e adultos vulneráveis, que terá como objetivo definir critérios e procedimentos comuns às 21 comissões diocesanas, bem como prestar-lhes apoio, nomeadamente na gestão da informação.
Nesta Assembleia Plenária, além da questão da “proteção de menores e adultos vulneráveis”, os bispos portugueses debateram também o “itinerário de iniciação à vida cristã com as famílias, crianças e adolescentes”, o sínodo dos bispos que o Papa Francisco abriu em Roma no início de outubro e a Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, tendo participado ainda num período de formação sobre o Livro VI do Código de Direito Canónico, sob a orientação de Juan Ignatio Arrieta, secretário do Conselho Pontifício para a Interpretação dos Textos Legislativos. Hoje, a partir das 08:00, na Capelinha das Aparições do Santuário de Fátima, o episcopado português vai celebrar uma missa pelas vítimas da pandemia de covid-19.
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