Polémica: Armas roubadas em Tancos escondidas em casa de avó

A detenção do diretor da Polícia Judiciária Militar e de militares da GNR foi mandatada após dados recolhidos e interceptados através de sinais de telemóveis e registos de portagens no caso do roubo das armas de Tancos.

O armamento roubado na base militar de Tancos estava escondido na habitação da avó de um dos principais suspeitos deste caso, um dos elementos do Núcleo de Investigação Criminal (NIC) da GNR Loulé, João Paulino, um dos detidos em prisão preventiva. Os arguidos terão se dirigido a essa casa ao volante de um Mercedes perto da «hora de jantar».

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A propriedade situa-se na localidade de Portela de Carregueiros, em Tomar, a 35 quilómetros das instalações militares, conta o Diário de Notícias. A mesma publicação relatou este sábado que os investigadores deste caso tomaram conhecimento do uso deste local ao proceder a triangulações de antenas dos telemóveis dos arguidos, que estiveram alegadamente reunidos nessa casa antes da descoberta das armas ser noticiada a 18 de outubro de 2017, na Chamusca.

O material roubado em Tancos incluía granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições.

É aqui que culmina a Operação Húbris, da Polícia Judiciária. O telemóvel de um dos arguidos esteve desligado entre as 21h10 e a 01h55. No entanto, a localização apontava para Portela de Carregueiros. A devolução das armas roubadas em Tancos já estava a ser planeada desde o mês de agosto de 2017 com elementos da PJM e da GNR da região do Algarve. A casa da avó de João Paulino era um dos pontos da estratégia, bem como um terreno perto da prisão da Carregueira.

“[…] factos suscetíveis de integrarem crimes de associação criminosa, denegação de justiça, prevaricação, falsificação de documentos, tráfico de influência, favorecimento pessoal praticado por funcionário, abuso de poder, recetação, detenção de arma proibida e tráfico de armas”, são os crimes que os militares da PJM e GNR são acusados pelo Ministério Público.

Há nove arguidos na Operação Húbris. Sete militares da Polícia Judiciária Militar, incluindo o diretor – o coronel Luís Vieira – da Guarda Nacional Republicana – e um civil, o alegado autor do roubo que estabeleceu contacto com estes membros dass forças de segurança. Este último é um ex-militar, mas atualmente com ligações ao tráfico de armas e drogas.

Um dos militares arguidos no caso regressará a Portugal esta terça-feira e diz estar «arrependido», conta o Jornal de Notícias este domingo. “Não sou criminoso nem tão pouco os meus Camaradas de Armas o são. Somos militares”, disse Vasco Brazão, antigo porta-voz da Polícia Judiciária Militar, na rede social Facebook. “Estou arrependido mas de consciência tranquila. Como é que é possível esta duplicidade de sentimentos? É o que irei procurar transmitir ao Ministério Público. Nada mais quero que, rapidamente, esclarecer a verdade dos factos”.

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