Asteroide a caminho da Terra descoberto por astrónomos no Chile
Observações de acompanhamento do telescópio de pesquisa ATLAS no Chile revelaram que o asteroide 2024 YR4 está numa trajetória que pode levar a uma colisão com nosso planeta em 22 de dezembro de 2032.
Em 27 de dezembro do ano passado, astrónomos do telescópio de investigação ATLAS, no Chile, descobriram um pequeno asteroide a afastar-se da Terra. As observações de acompanhamento revelaram que “o 2024 YR4 está numa trajetória que pode levar a uma colisão com o nosso planeta em 22 de dezembro de 2032″, confirma Jonti Horner, professor de Astrofísica na Universidade do Sul de Queensland, Austrália.
Por outras palavras, esta “rocha espacial recém-descoberta representa uma ameaça significativa de impacto com o nosso planeta”. Parece “algo de um filme de baixa qualidade de Hollywood“, mas, na realidade, “não há necessidade de pânico – este é apenas mais um dia de um alvo – nós – numa carreira de tiro celestial”, descansa-nos o astrofísico australiano. O que se passa, afinal? O que sabemos sobre o 2024 YR4 e o que aconteceria se ele colidisse com a Terra?
Somos um alvo na carreira de tiro celestial
“À medida que a Terra se move em torno do Sol, está continuamente a encontrar poeira e detritos que datam do nascimento do sistema solar. O sistema está cheio desses detritos e meteoros e bolas de fogo vistos todas as noites são evidências de quão poluída é nossa vizinhança local. A maioria dos detritos é muito pequena para causar problemas à vida na Terra. Há muito mais detritos minúsculos lá fora do que maiores”, explica Horner. Por este motivo, acrescenta, “impactos de objetos que podem colocar a vida na superfície da Terra em perigo são muito menos frequentes”.
O impacto mais famoso ocorreu há cerca de 66 milhões de anos. Uma rocha gigante vinda do espaço, com pelo menos 10 quilómetros de diâmetro, colidiu com a Terra – provocando extinção em massa que dizimou algo como 75% de todas as espécies na Terra. “Impactos tão grandes são, felizmente, eventos muito raros. Estimativas atuais sugerem que objetos como o que matou os dinossauros só atingem a Terra a cada 50 milhões de anos, ou mais. Impactos menores, no entanto, são mais comuns.”
Em 30 de junho de 1908, houve uma grande explosão numa parte escassamente povoada da Sibéria. Quando, mais tarde, os exploradores chegaram ao local da explosão, encontraram um local surpreendente: “uma floresta nivelada, com todas as árvores caídas na mesma direção”. “Conforme se moviam, a direção das árvores caídas mudava – todas apontavam para dentro, em direção ao epicentro da explosão.”
No total, o evento de Tunguska arrasou uma área de quase 2.200 quilómetros quadrados – aproximadamente o equivalente à área da grande Sidney. “Felizmente, aquela floresta era extremamente remota. Enquanto plantas e animais foram dizimados na zona da explosão, acredita-se que, no máximo, apenas três pessoas morreram.”
As estimativas variam sobre a frequência com que estas grandes colisões podem dar-se. Alguns argumentam que a Terra deve experimentar um impacto semelhante, em média, uma vez por século. Outros sugerem que estas colisões podem acontecer apenas a cada 10 mil anos ou mais. “A verdade é que não sabemos – e isso faz parte da diversão da ciência”, ironiza Jonti Horner.
Mais recentemente, um impacto menor estinulou excitação global. Em 15 de fevereiro de 2013, um pequeno asteroide (provavelmente com cerca de 18 metros de diâmetro) detonou perto da cidade russa de Chelyabinsk. A explosão, “a cerca de 30 quilómetros acima da superfície da Terra”, gerou uma “poderosa onda de choque e um clarão de luz extremamente brilhante”. Vários edifícios ficaram danificados, janelas partidas e registaram-se quase 1.500 feridos – “embora não tenha havido fatalidades”. “Serviu como lembrete, no entanto, de que a Terra será atingida novamente. É apenas uma questão de quando, e isto leva-nos
ao nosso mais nova ameaça: o asteroide 2024 YR4.”
Probabilidade de colisão do asteroide é de 1 em 77
O 2024 YR4 “tem sido observado de perto por astrónomos há pouco mais de um mês”. “Foi descoberto apenas alguns dias depois de ter feito uma aproximação relativamente próxima ao nosso planeta e está agora a recuar para as profundezas escuras do Sistema Solar. Em abril, estará perdido, até mesmo para os maiores telescópios do mundo.”
As observações realizadas no mês passado “permitiram que os astrónomos extrapolassem o movimento do asteroide ao longo do tempo, calculando a sua órbita em torno do Sol”. “Como resultado, ficou claro que, em 22 de dezembro de 2032, passará muito perto do nosso planeta – e pode até colidir connosco.”
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