Bispos angolanos consideram que pedofilia na igreja “tem dimensões horrendas” e vergonhosas
Os bispos católicos angolanos consideraram hoje que a pedofilia na igreja católica “tem dimensões bastante horrendas, para a moral e o bom costume”, admitindo que a prática constitui “uma vergonha e um mal que devem ser combatidos”.
Segundo o porta-voz da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), Belmiro Chissengueti, a “pedofilia não faz parte da identidade da igreja católica”, referindo que “há pedófilos jornalistas, há pedófilos médicos, nas famílias, há em todo o lado”.
“Simplesmente, a única instituição a nível mundial que assumiu a existência deste mal no seu seio e criou regras para a sua eliminação é a igreja católica, nós mesmos aqui a nível da CEAST temos um documento regulador sobre a pedofilia, instituímos um representante oficial para a proteção de menores”, afirmou Chissengueti, quando questionado pelos jornalistas.
A questão da pedofilia na igreja católica surgiu na sequência da divulgação, na passada semana, de um relatório sobre 330.000 casos de abuso ou violência sexual por parte do clero francês, e foi levantada hoje na conferência de imprensa de balanço da segunda assembleia plenária anual da CEAST. Para o porta-voz da CEAST, “a única resposta sobre esta temática a nível das instituições é justamente da igreja católica, agora o que isso tem de mal, é que o mal da pedofilia a nível da igreja católica tem duas dimensões bastante horrendas para a moral e o bom costume”.
“Nós, os sacerdotes e bispos somos defensores da moralidade e confiaram-nos, às vezes, pessoas para a nossa guarda e proteção e, então, houve esse escândalo que, de facto, a todos nós entristece”, explicou.
“Agora, com maior rigidez, o Papa vem tomando medidas drásticas, é de facto uma vergonha, um mal que deve ser combatido. Mas atenção, não limitem a pedofilia à igreja católica nem a coloquem como fazendo parte da sua identidade, a identidade da igreja católica é dada pelos santos”, apontou o também bispo de Cabinda.
O Papa Francisco expressou na quarta-feira a sua “vergonha” pela “longa incapacidade da igreja” para lidar com casos de padres pedófilos. Os prelados da CEAST manifestaram-se igualmente preocupados com grupos religiosos em Angola “que se declaram católicos, criam confusões no seio dos fiéis e geram instabilidade para o próprio Estado”.
“É preciso que o Estado organize e fiscalize o fenómeno religioso, porque o grande problema que há é que a espiritualidade das pessoas, a vida interior das pessoas, entregue nas mãos de manipuladores e fanáticos sem formação é um grande risco para a paz social”, exortou ainda o bispo Belmiro Chissengueti.
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