Bombeiros do Porto repudiam que comandante de Pedrógão Grande seja arguido

A Federação de Bombeiros do Distrito do Porto manifestou hoje repúdio e indignação pelo facto de o comandante dos Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande ter sido constituído arguido no âmbito da catástrofe dos incêndios florestais do último ano.

Bombeiros do Porto repudiam que comandante de Pedrógão Grande seja arguido

A Federação de Bombeiros do Distrito do Porto manifestou hoje repúdio e indignação pelo facto de o comandante dos Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande ter sido constituído arguido no âmbito da catástrofe dos incêndios florestais do último ano.

“Porque entendemos que esta demanda ao comandante Augusto Arnaut pode ser o ‘primum movens’ [motivo principal] para fragilizar as associações/Corpos de Bombeiros, repudiamo-la obviamente, e não calaremos a nossa indignação perante aqueles que ousam não nos respeitar”, lê-se num comunicado divulgado hoje.

A 12 de dezembro último, o comandante dos bombeiros de Pedrógão Grande, Augusto Arnaut, foi constituído arguido na sequência dos incêndios naquele concelho, depois de ter sido ouvido pelo Ministério Público no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Leiria

No comunicado divulgado hoje, a Federação de Bombeiros do Distrito do Porto anuncia também que, a 28 de dezembro, aprovou uma moção de apoio e solidariedade ao comandante dos Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande, Augusto Arnaut e avisa que vai exigir “à tutela o respeito que lhes é devido”.

“Aproveitamos o ensejo para alertar que, a seu tempo, tomaremos as decisões adequadas quanto ao Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais (DECIF) 2018”, acrescentam.

Para a Federação dos Bombeiros do Distrito do Porto, constituir o bombeiro voluntário Augusto Arnaut como arguido é “contribuir-se, assim, para uma campanha negativa que atinge genericamente os Bombeiros ao distrair as atenções e, eventualmente, camuflar opções, profundamente discutíveis, que ao longo dos anos foram assumidas por lugares cimeiros na gestão da Proteção Civil em Portugal e, ais quais (…), nunca foram pedidas responsabilidades”.

A Federação dos Bombeiros do Distrito do Porto acrescenta ainda que a “catástrofe dos incêndios do último ano não foram surpresa” para aquela federação, e justificam com o facto de ter vindo a alertar que, para além do investimento no combate, “importava sobremaneira investir de forma efetiva e rápida na prevenção”, designadamente “limpeza, planeamento e a reorganização da floresta, bem como a sustentabilidade económico-financeira da mesma”.

Em dezembro, a advogada da Liga dos Bombeiros Portugueses, Magda Rodrigues, não precisou os eventuais crimes pelos quais o bombeiro voluntário de Pedrógão Grande, Augusto Arnaut, está indiciado, mas disse então que o mesmo estava “tranquilo”, salientando que o “estatuto processual do arguido permite mais vantagens e mais direitos”.

“Com 51 anos, o comandante é bombeiro há 32 anos, está ligado ao corpo de comando há cerca de 18 anos. Obviamente, é um homem com provas dadas e o tempo trará com certeza a verdade a este processo. Está, sobretudo, de consciência tranquila e tudo fez para que o desfecho fosse outro”, reforçou, ao informar que não pôde dizer mais nada porque o processo se encontra em segredo de justiça.

O incêndio que deflagrou em 17 de junho de 2017 em Pedrógão Grande, distrito de Leiria, atingindo vários concelhos vizinhos, esteve ativo uma semana e causou, segundo o balanço oficial, 64 mortos e mais de 200 feridos. Registou-se ainda o atropelamento mortal de uma mulher que fugia das chamas e, já em novembro, morreu uma outra mulher que estava internada com ferimentos graves.

 

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