Brasil rejeita dinheiro do G7 para a Amazónia: «Usem-no para reflorestar a Europa»
O anúncio da rejeição da ajuda financeira do G7 foi feito pelo ministro brasileiro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. O número de incêndios no Brasil aumentou 83% este ano
O ministro brasileiro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou esta segunda-feira, 26 de agosto, que o Governo rejeitará a ajuda de 20 milhões de dólares (17,95 milhões de euros) oferecida pelo G7 para combater os incêndios na Amazónia. A informação foi obtida pelo portal de notícias G1 , tendo sido confirmada pela assessoria do Palácio do Planalto, sede do Governo brasileiro.
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«Macron não consegue sequer evitar um incêndio numa igreja que é património da humanidade»
«Agradecemos, mas talvez esses recursos sejam mais relevantes para reflorestar a Europa. Macron (Presidente francês) não consegue sequer evitar um previsível incêndio numa igreja que é património da humanidade (incêndio na Catedral de Notre-Dame) e quer ensinar o quê para nosso país? Ele tem muito o que cuidar em casa e nas colónias francesas», disse Onyx ao G1.
Macron quer ajudar a combater o incêndio na Amazónia
O chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, anunciou na segunda-feira que o G7 fornecerá uma ajuda imediata de 20 milhões de dólares (17,95 milhões de euros) para combater o incêndio na maior floresta tropical do mundo. Na cimeira do G7, dos países mais industrializados do mundo, participaram durante o fim de semana os líderes da Alemanha, Canadá, Estados Unidos da América, França, Itália, Japão e Reino Unido.
Porém, Onyx Lorenzoni acredita que Macron poderá ter «objetivos colonialistas» na ajuda atribuída pelo G7. «O Brasil é uma nação democrática, livre e nunca teve práticas colonialistas e imperialistas como talvez seja o objetivo do francês Macron», acrescentou o ministro da Casa Civil.
«Será que alguém ajuda alguém, a menos que seja pobre, sem retorno?»
As declarações de Onyx assemelham-se às do chefe de Estado do Brasil, Jair Bolsonaro, que quando confrontado com a oferta de ajuda do G7 mostrou ter dúvidas acerca das intenções desses países. «Será que alguém ajuda alguém, a menos que seja pobre, sem retorno? Isto é, sem esperar por algo em troca», questionou Bolsonaro, junto à entrada do Palácio da Alvorada, sua residência oficial.
O chefe de Estado do Brasil mostrou a capa do jornal brasileiro «O Globo», cuja manchete principal dizia: «Macron promete ajuda dos países ricos para a Amazónia». Com o jornal nas mãos, Jair Bolsonaro insistiu e perguntou: «O que eles querem na Amazónia por tanto tempo?».
Sem mencionar qualquer país em particular, o Presidente brasileiro disse que, no final da semana passada, falou com «líderes excecionais» sobre a grave situação gerada pelos incêndios na Amazónia, que na sua opinião realmente desejam colaborar com o Brasil na luta contra as chamas.
Ministro do Meio Ambiente brasileiro diz que a ajuda é «sempre bem-vinda»
Posição diferente teve na segunda-feira o ministro do Meio Ambiente brasileiro, Ricardo Salles, que afirmou que a ajuda anunciada pelo G7 aos países atingidos pelos incêndios da Amazónia é «sempre bem-vinda». «Acho uma excelente medida, é muito bem-vinda», disse Salles, citado pelo portal de notícias G1.
O número de incêndios no Brasil aumentou 83% este ano, em comparação com o período homólogo de 2018, com 72.953 focos registados até 19 de agosto, sendo a Amazónia a região mais afetada. A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta. Tem cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).
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