Bruno, o jogador acusado de matar a ex-namorada, garante dormir «de consciência tranquila»

Condenado a uma pena de 22 anos pela autoria da morte de Eliza Samudio, Bruno diz estar inocente e garante dormir de «consciência tranquila».

Bruno, o jogador acusado de matar a ex-namorada, garante dormir «de consciência tranquila»

Corria o ano de 2010 quando o Brasil ficou em choque com uma história macabra. Bruno Fernandes de Souza, na altura guarda-redes do Flamengo, era detido e acusado de matar a modelo Eliza Samudio, com quem tinha mantido uma relação. Uma década depois, o ainda jogador diz estar inocente e deixa a garantia de que dorme «de consciência tranquila».

Na altura do homicídio, Bruno foi condenado a 22 anos de prisão, acusado dos crimes de homicídio qualificado e sequestro. Acabou por sair em liberdade condicional, algo que permitiu regressar ao futebol. Agora, é atleta do Rio Branco, clube que milita na Série D do futebol brasileiro. Algo que equivale a uma quarta divisão. Ainda assim, o jogador, agora com 35 anos, ficou a saber que terá de utilizar pulseira eletrónica durante o resto da pena, que está a cumprir num regime semiaberto.

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Numa entrevista ao canal brasileiro SBT, Bruno acabou por falar sobre aquilo que viveu. «Não fui um anjo, mas também não sou o demónio que criaram a meu respeito», conta. Acrescenta não ser «um bandido» e assume o desejo de não falar mais sobre o homicídio da então companheira durante a conversa. «Sinto-me como um jovem, estou ansioso. Estou num momento mágico, de recomeço. Tenho três filhas, que estão a crescer. É um assunto sobre o qual não me cabe continuar a falar», explica.

Ainda assim, e até porque foi condenado, será que o jogador se vê como um criminoso? «Se a justiça me condenou por um crime, isso faz de mim um criminoso. Será justo? É lógico que não», defende. Da relação entre Bruno e Eliza nasceu um filho, que o jogador não reconhece. «Não posso dizer que é meu filho se não há exame de ADN”, refere. Bruno deixa ainda a garantia de que irá protagonizar um documentário em que irá contar tudo o que aconteceu. «Tentei sempre contar o meu lado da história, mas nunca me deram voz. Fica para um futuro documentário. Não sou o mandante, foi por isso que fui condenado. Foram várias as situações que aconteceram e sobre as quais não posso falar neste momento», diz.

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Além de não se sentir responsável, Bruno assegura que não voltará a ser preso. «Para a prisão não volto, nunca mais! Tenho de trabalhar. As pessoas não dizem que quem cumpre pena tem de voltar à sociedade? A minha situação não é diferente», conta. Apesar dos argumentos utilizados, o jornalista insistiu no tema da morte da modelo. «A quem tive de pedir perdão já pedi. E já me perdoaram. Durmo com a minha consciência tranquila. E se me perguntar algo mais sobre isso, vou-me embora. Esta entrevista era sobre o meu recomeço e você mudou a conversa. Acho melhor acabar por aqui», disse, antes de se levantar e dar a entrevista por concluída.

História que chocou o Brasil

Foi em 2010 que aconteceu um dos crimes mais macabros que envolvem um jogador de futebol. Bruno era acusado da autoria do homicídio de Eliza Samudio. Relatos da época dizem que o jogador, na companhia de outras duas pessoas, matou a modelo. Que tinha conhecido em 2008, durante uma orgia, na qual participaram outros jogadores. Diz-se que o preservativo rompeu durante o sexo e que Eliza acabou por engravidar. Bruno era casado, mas terá prometido divorciar-se para iniciar uma vida ao lado da modelo.

Este argumento foi visto como um mecanismo para que o jogador ganhasse tempo. Isto porque queria manter o matrimónio ao mesmo tempo que desejava que Eliza abortasse. A modelo recusou e terá sido mantida em cativeiro numa das casas de Bruno. Terá também sido obrigada a tomar substâncias que levariam ao aborto, tendo mesmo uma arma apontada à cabeça. Isto é o que consta numa queixa apresentada às autoridades brasileiras a 13 de outubro de 2009.

Corpo de Eliza Samudio nunca foi encontrado

Bruninho acabaria por nascer a 10 de fevereiro de 2010. Em julho do mesmo ano desaparece Eliza e as autoridades associam os dois casos, partindo do princípio que estariam perante um caso de homicídio. Por esta altura, a modelo tinha dado início a uma batalha judicial para que o jogador reconhecesse o filho. Sendo que Eliza e Bruninho viviam em hotéis, pagos pelo jogador. A isto junta-se um pedido de pensão de alimentos e a acusação de que Bruno a teria agredido. Algo que teve um impacto negativo na carreira do guarda-redes. Que terá prometido vingança.

De acordo com relatos de uma testemunha, Eliza terá sido morta por estrangulamento. O corpo terá depois sido esquartejado e enterrado sob uma camada de cimento. A verdade é que o corpo nunca foi encontrado. O que leva a que exista a versão de que o corpo terá sido dado a cães rottweiler para que o destruíssem.

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Já sob os holofotes mediáticos internacionais, o julgamento teve início em 2012. Durou até ao ano seguinte, com Bruno a ser condenado a 17 anos e 6 meses de prisão em regime fechado, por homicídio qualificado. E ainda mais 3 anos e 3 meses, em regime aberto, por sequestro e cárcere privado. Bem como 1 ano e 6 meses por ocultação de cadáver. O que resulta numa pena de 22 anos e 3 meses. Foram ainda condenadas mais 6 pessoas, que a justiça diz terem ajudado a realizar o crime.

Bruno deu então início a uma batalha jurídica que se prolongou até 2019. Foi então que conseguiu passar para um regime semiaberto. Algo que permitiu que voltasse ao futebol, ainda que em clubes de menor dimensão. Isto depois de o tribunal ter negado esta vontade do ainda jogador.

Texto: Bruno Seruca; Foto: Reprodução Instagram

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