Canadá: grupo de comunicação lança casino

O Torstar, um dos maiores grupos empresariais de comunicação social do Canadá, irá lançar um site de casino online.

Canadá: grupo de comunicação lança casino

De acordo com o Diário de Notícias, um dos maiores grupos empresariais de comunicação social do Canadá, o Torstar, irá lançar um site de casino online. A iniciativa empresarial visa ajuda a equilibrar as contas do grupo, com o casino a servir literalmente como fonte de financiamento dos média do grupo.

Alteração legislativa

Segundo o Diário de Notícias, o Torstar aproveita uma alteração legislativa recente no estado canadiano do Ontário, onde está sedeado, que deixou cair o monopólio público dos jogos e o abriu à iniciativa privada. O Torstar solicitou autorização legal para esta iniciativa.

Que futuro para a imprensa?

Embora esta notícia pareça surpreendente, a verdade é que em Portugal já sucede um caso semelhante. Um conhecido grupo empresarial de comunicação social abriu uma plataforma de apostas desportivas e casino, onde se pode jogar blackjack online, apostar em futebol, etc. Para tal obteve a licença legalmente exigida junto da autoridade governamental, o SRIJ (Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos). Entregues a empresas diferentes, as atividades de jogo e de jornalismo mantêm-se legalmente separadas, ainda que sob o mesmo grupo empresarial.

Será este um modelo de negócio com futuro para a imprensa? Do estrangeiro chegam notícias que parecem indiciar que os governos começam a colocar-se do lado da imprensa numa luta legal e política contra as grandes empresas tecnológicas.

A Google e a Austrália

Em Fevereiro, o The Conversation apontou que a Google estava a entrar numa fase de acordo com as grandes empresas de comunicação social internacionais no sentido de vir a pagar por mostrar as suas notícias. Um dos primeiros grandes beneficiários é Rupert Murdoch, o conhecido magnata dos média.

A iniciativa legislativa da Austrália (“News Media Bargaining Code”) visa forçar as gigantes tecnológicas a pagar pelo acesso às notícias dos média nacionais. Segundo o The Conversation, a ideia é não tanto criar uma guerra entre as autoridades públicas e as empresas mas fazer com que estas sejam forçadas a negociar com as empresas de comunicação social.

A Facebook de Mark Zuckerberg retirou as notícias dos média australianos da sua plataforma e, de acordo com uma notícia do The Guardian de 11 de março, as negociações com as empresas de média não estão a resultar.

A Google e a França

A Google, pelo contrário, está a mostrar-se mais aberta ao compromisso. Duas semanas antes da “jogada” australiana, foi noticiado que a gigante de Mountain View havia chegado a acordo com um grupo de 121 entidades de média francesas para lhes pagar 98 milhões de euros por um período de três anos.

Em todo o caso, este acordo, segundo o site de notícias australiano ABC, não foi considerado satisfatório pelos pequenos órgãos de comunicação independentes e não afiliados à “Alliance de la presse d’information generale” (APIG), a associação de média que agrupa aqueles 121 órgãos. Ainda assim, não deixa de ser sintoma da proatividade da Google em querer estabelecer pontes com a comunicação social.

Possível mudança de atitude na União Europeia?

De acordo com a Associated Press, a Microsoft e várias empresas de média europeias estão a juntar-se para que seja criado um sistema semelhante ao da Austrália, no que pode ser considerado mais um episódio da histórica luta entre a “antiga” Microsoft e as “novas” Google e Facebook. O Comissário Europeu para o Mercado Interno, Thierry Breton, expressou apoio à ideia.

É possível que novos cenários de financiamento para a comunicação social nos estados membros da União estejam a surgir no horizonte.

 

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