Cego há 40 anos recupera visão após tratamento inovador
Paciente recebeu injeção no olho com uma proteína e, sete meses depois, registou melhorias significativas. “Inicialmente, o doente não conseguia ver nada com os óculos. Mas depois, espontaneamente, começou a ficar muito entusiasmado, explicando que conseguiu ver riscas brancas [uma passadeira] na rua”.
Um homem cego há 40 anos recuperou a visão graças a uma terapia inovadora de optogenética em humanos. O homem, de 58 anos, é natural da Bretanha e sofre de uma doença genética degenerativa extremamente rara – retinite pigmentosa -, uma patologia degenerativa da retina e que é responsável pela perda gradual da visão, podendo culminar na cegueira total. Trata-se de uma doença hereditária que, normalmente, é diagnosticada na adolescência e em jovens adultos.
O caso partilhado nesta segunda-feira pela revista científica Nature Medicine descreve todo o processo, nomeadamente as técnicas utilizadas. É considerado um avanço histórico para a medicina oftalmológica e o primeiro caso de sucesso da terapia optogenética em humanos. “É um feito incrível do ponto de vista científico e em especial para a comunidade global cega”, disse Lucie Pellissier, neurocientista na Universidade de Tours, em França.
Até agora não existia cura para esta patologia que leva à atrofia ou à morte das células fotorrecetoras da retina. A técnica tem por base uma injeção de uma proteína específica que estimula nos pacientes uma reação à luz. Quatro meses depois, o paciente começou por utilizar uns óculos especiais com o intuito de estimular o olho. Nesta fase, teve uma primeira perceção pouco nítida dos objetos. O objetivo era que os doentes se adaptassem a uma nova metodologia de reação a estímulos visuais externos e conseguissem criar imagens cerebrais.
Não é possível (ainda) reconhecer rostos
Sete meses após a injeção chegou a notícia mais ansiada: o homem de 58 anos havia conseguido identificar uma passadeira na rua. O voluntário era agora capaz de localizar e identificar objetos. “Inicialmente, o doente não conseguia ver nada com os óculos. Mas depois, espontaneamente, começou a ficar muito entusiasmado, explicando que conseguiu ver riscas brancas [uma passadeira] na rua”, afirmou José-Alain Sahel, um dos responsáveis pela estudo.
Mais tarde – após o pico da pandemia em França -, os investigadores voltaram a reunir-se com este doente para mais treinos e testes. Um dos quais passava por contar copos. Desafio em que foi capaz de ser bem sucedido em 12 das 19 tentativas. No entanto, o procedimento ainda não é capaz recuperar totalmente a visão. Apesar dos resultados extremamente promissores, a verdade é que os pacientes não conseguem (ainda) reconhecer o rosto de outras pessoas.
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