Cerca de 220.000 imigrantes provisoriamente com situação regularizada em Portugal

Cerca de 220.000 estrangeiros com processos pendentes no SEF têm temporariamente a situação regularizada em Portugal devido à pandemia de covid-19, mas a Associação Solidariedade Imigrante alerta que muitos deles se sentem “aprisionados” no país.

Cerca de 220.000 imigrantes provisoriamente com situação regularizada em Portugal

Cerca de 220.000 estrangeiros com processos pendentes no SEF têm temporariamente a situação regularizada em Portugal devido à pandemia de covid-19, mas a Associação Solidariedade Imigrante alerta que muitos deles se sentem “aprisionados” no país.

Numa resposta enviada à agência Lusa, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) refere que 223.000 imigrantes estão abrangidos pelo despacho publicado em 30 de abril e que determina que todos os imigrantes com processos pendentes no SEF, cujo pedido tenha sido formulado entre 18 de março e 30 de abril de 2021, estão “temporariamente em situação regular” no país até “à decisão administrativa definitiva do respetivo processo”.

Esta medida insere-se no âmbito da pandemia de covid-19 e já foi alvo de outros dois despachos, um de março de 2020, no primeiro período de estado de emergência vivido em Portugal em consequência da pandemia de covid-19, e outro de novembro de 2020.

O SEF sublinha que estes imigrantes temporariamente com a situação regularizada podem obter o número de utente, acesso ao Serviço Nacional de Saúde ou a outros direitos de assistência à saúde, acesso a prestações sociais de apoio e celebração de contratos de arrendamento e de trabalho, bem como abertura de contas bancárias e contratação de serviços públicos essenciais.

O serviço de segurança explica que os processos ficam “suspensos durante o período de apreciação e tramitação, garantindo a igualdade de tratamento entre cidadãos estrangeiros”.

Segundo o SEF, o documento que serve para comprovar esta situação é o comprovativo da manifestação de interesse (pedido formalizado junto do SEF para obter uma autorização de residência) feita através da plataforma eletrónica Sistema Automático de Pré-Agendamento (SAPA).

Este documento pode ser obtido no portal SAPA e poderá ser validado pelas autoridades públicas e privadas junto do SEF através de uma chave de acesso e leitura de ‘QR Code’, de acordo com aquele serviço de segurança.

O SEF refere ainda que o documento é considerado válido perante todos os serviços públicos.

Em declarações à Lusa, o presidente da Associação Solidariedade Imigrante, Timóteo Macedo, afirmou que esta medida aumenta a precariedade laboral e de habitação, sentindo-se os imigrantes abrangidos pelos despachos “aprisionados” em Portugal porque ficam sem documentos e com “a vida suspensa”.

“Não é de despacho em despacho que as pessoas se sentem seguras. Já lá vão três despachos e a situação não fica resolvida. Os problemas avolumam-se”, disse Timóteo Macedo.

O presidente da Associação Solidariedade Imigrante sustentou que os imigrantes abrangidos por esta medida ficam “aprisionados” em Portugal, uma vez que “não podem sair do país para visitar a família ou procurar outro trabalho, porque não têm documentos”.

“Isto é uma violação dos direitos humanos, não podem fazer nada na sua vida, apesar de terem o número de utente. O que vão fazer com o número de utente”, questionou.

Timóteo Macedo sublinhou também que os imigrantes abrangidos por este despacho estão “amarrados às grilhetas dos patrões”, porque sabem que “não têm documentos e que a sua permanência em território nacional está regularizada provisoriamente”.

A Associação Solidariedade Imigrante defende que todos os imigrantes que tenham processos pendentes no SEF e abrangidos por estes despachos deviam ser automaticamente legalizados.

“Em vez de andarem de despacho em despacho e face a esta situação excecional, deve ser dada de imediato a estas pessoas com processos pendentes uma autorização de residência, independentemente da sua situação laboral”, reivindicou.

Segundo Timóteo Macedo, esta medida iria “aliviar o SEF” e “resolver o problema de milhares de cidadãos que estão aprisionados neste país”.

“Com uma autorização de residência, estes imigrantes podem arranjar melhor trabalho e superar a grande precariedade da questão da habitação”, concluiu.

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