Coordenador da ONU diz que cessar-fogo evitou fome em Gaza
A ajuda humanitária que tem chegado a Gaza durante o cessar-fogo permitiu evitar a fome, mas a situação pode mudar rapidamente se a trégua falhar, advertiu hoje o coordenador de Assuntos Humanitários da ONU, Tom Fletcher.
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“Creio que a ameaça da fome está em grande parte evitada”, afirmou, em declarações à Associated Press após dois dias de visita a Gaza, onde centenas de camiões com ajuda humanitária entram diariamente desde o início do cessar-fogo, no dia 19 de janeiro.
“Os níveis de fome estão abaixo do que estavam antes do cessar-fogo”, apontou, quando crescem as preocupações sobre um prolongamento do cessar-fogo, numa altura em que as negociações entram numa nova fase, mais difícil.
No âmbito do acordo em vigor, Israel disse que permitiria a entrada de 600 camiões de ajuda humanitária em Gaza todos os dias, um grande aumento após meses de frustração para as autoridades humanitárias com atrasos e insegurança a dificultarem tanto a entrada como a distribuição de alimentos, medicamentos e outros artigos extremamente necessários.
O gabinete humanitário da ONU disse que mais de 12.600 camiões de ajuda entraram em Gaza desde que o cessar-fogo entrou em vigor.
Fletcher pediu tanto ao movimento islamita palestiniano Hamas como a Israel para cumprirem o acordo que “salvou tantas vidas”.
“As condições ainda são terríveis e as pessoas ainda têm fome”, disse. “Se o cessar-fogo fracassar, se for quebrado, então muito rapidamente essas condições (como a fome) voltarão”.
Fletcher disse que são necessários mais alimentos e material médico para o território com mais de 2 milhões de pessoas, a maioria deslocadas e manifestou preocupação com os surtos de doenças devido à falta de material básico de saúde.
O mesmo responsável da ONU pediu também a intensificação da entrega de tendas e outros abrigos para aqueles que regressaram às suas áreas de origem, à medida que o inverno avança.
“Temos de instalar rapidamente dezenas de milhares de tendas, para que as pessoas que estão a regressar, em particular as que estão a regressar ao norte, possam abrigar-se”, afirmou, explicando que viu situações que pareciam “um filme de terror” depois de ter chegado ao enclave palestiniano, com pessoas à procura das suas casas e a recolherem os corpos de entes queridos dos escombros.
Fletcher reconheceu que alguns palestinianos estão zangados com a comunidade internacional por causa da guerra e da sua resposta.
“Havia desespero e raiva”, afirmou, “mas também um sentimento de desafio”. As pessoas diziam: “vamos voltar para as nossas casas, vamos regressar aos locais onde vivemos há gerações e vamos reconstruir”, declarou.
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By Impala News / Lusa
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