Covid-19: Médica a favor da vacinação encontrada morta no consultório
Lisa-Maria Kellermayr, médica que esteve na linha da frente no combate à covid-19 na Áustria e uma das grandes defensoras da vacinação, foi encontrada morta no seu consultório.
Após vários meses de perseguição e ameaças por parte de grupos negacionistas, Lisa-Maria Kellermayr, médica que esteve na linha da frente no combate à covid-19 na Áustria e uma das grandes defensoras da vacinação, foi encontrada morta no seu consultório. As circunstâncias da morte ainda estão a ser apuradas, mas tudo aponta para que tenha sido a própria a pôr um fim à vida. As autoridades disseram aos jornalistas que encontraram três notas de suicídio e que não vão fazer autópsia ao corpo, indica o The Guardian. O caso deixou o país em choque e tem gerado várias manifestações e homenagens.
Lisa-Maria Kellermayr era uma das médicas mais mediáticas no país, sobretudo em relação ao tema da covid-19. Logo no início da pandemia, ofereceu-se para visitar pessoas infetadas nas suas casas, durante duas semanas, em turnos de 24 horas. Lisa também partilhava no Twitter ideias a favor da vacinação e dava entrevistas sobre o assunto. No entanto, nem todos gostavam. A médica recebia várias mensagens de ódio e, em novembro do ano passado, um grupo de manifestantes antivacinas cercou a clínica onde trabalhava e bloquearam a entrada principal.
Lisa-Maria gastou 100 mil euros com segurança privado
Nessa altura, Kellermayr pediu proteção policial, mas as autoridades desvalorizaram o incidente e o pedido foi recusado. “O que aconteceu comigo pode acontecer a qualquer pessoa”, referiu, na sua última entrevista ao diário austríaco Der Standard. A médica teve de contratar um segurança privado, que impediu, várias vezes, a entrada de pessoas armadas na clínica. Depois de gastos de mais de 100 mil euros em segurança, Lisa Kellermayr assumiu que “seria mais barato fechar a clínica”. A polícia austríaca negou, entretanto, não ter levado a sério as ameaças dirigidas à médica. “Estivemos em contacto permanente com ela desde novembro e tentámos oferecer proteção. Fizemos tudo o que era possível em relação à segurança, além de investigar [as ameaças]. As investigações continuam”, afirmou um porta-voz da polícia austríaca, citado pelo mesmo jornal.
O caso tem gerado uma onda de apoio por toda a Áustria, com os médicos a pedirem maior proteção e a criação de leis rígidas contra o bullying e a guerra psicológica. Seguiram-se também várias vigílias de homenagem, tendo a última acontecido esta segunda-feira no exterior da Catedral St Stephen’s, em Viena. O Presidente da Áustria, Alexander Van der Bellen, já reagiu ao caso e pediu “o fim da intimidação e do medo”. “O ódio e a intolerância não têm lugar no nosso país”, referiu, lamentando as ameaças dirigidas à médica, primeiro na Internet e depois pessoalmente, num país que tem uma das taxas de vacinação contra a covid-19 mais baixas da Europa.
Foto: Reprodução YouTube
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