Defesa promete “perseguição até as últimas consequências” a grupos naparamas em Moçambique
O ministro da Defesa de Moçambique, Cristóvão Chume, prometeu hoje uma “perseguição até às últimas consequências” aos grupos que se autoproclamam naparamas no centro e no norte do país, responsabilizando-os por uma série de ataques contra comunidades locais.

“Nós vamos continuar a proteger as comunidades, mas, por outro lado, a perseguir até às últimas consequências [a estes grupos] (…) Quando digo que é até as últimas consequências significa vai ser até à eliminação do risco ou da ameaça”, disse à comunicação social Cristóvão Chume, à margem da cerimónia de acreditação de novos adidos de Defesa hoje em Maputo.
O exército moçambicano anunciou, na quinta-feira, o resgate de pelo menos 280 mulheres e crianças, que terão sido raptadas por um grupo que se autoproclamava naparama, guerreiros tradicionais historicamente respeitados nas comunidades do norte e centro de Moçambique.
Segundo as autoridades moçambicanas, o grupo privou as mulheres e crianças da liberdade por mais de duas semanas numa antiga base de ex-guerrilheiros da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), força de oposição contra a qual as autoridades lutaram durante a guerra civil dos 16 anos.
A base estava localizada no posto administrativo de Sabe, distrito de Morrumbala, na província central da Zambézia.
De acordo com o ministro, o Estado esgotou todos os “meios pacíficos” para travar violações deste grupo naquela comunidade.
“Foram contactadas as pessoas que estavam em frente deste grupo para que pudessem deixar que aquela comunidade, aquela localidade pudesse viver normalmente. (…) Isso não foi possível através de meios normais pacíficos e é daí que as forças armadas foram chamadas”, explicou Cristóvão, reiterando que não se trata dos “verdadeiros naparamas”.
Os naparamas são paramilitares moçambicanos que surgiram na década de 1980, durante a guerra civil, aliando conhecimentos tradicionais e elementos místicos no combate aos inimigos, atuando em comunidade.
Historicamente, os naparamas classificam-se como uma força que se organizou espontaneamente para a autodefesa da população perante a guerra e os seus elementos submetem-se a ritos de iniciação, destinados a dar-lhes alegada “proteção sobrenatural” que acreditam que os torna imunes, até a balas.
Nos últimos meses, as autoridades têm denunciado diversos ataques de grupos que se autoproclamam naparamas em vários pontos de províncias do centro e norte de Moçambique.
Em 17 de abril, no distrito de Malema, província de Nampula, pelo menos cinco membros de um grupo autoproclamado naparamas foram mortos após tentarem atacar uma posição da polícia moçambicana, avançou a corporação naquele ponto do país.
“O grupo fez-se àquele ponto munido de azagaias, catanas, marretas e outros instrumentos contundentes, além de pedras”, disse, na altura, a porta-voz da Polícia da República de Moçambique em Nampula, Rosa Chaúque.
Em 02 de janeiro, supostos naparamas decapitaram um secretário de bairro no distrito de Murrumbala, na província da Zambézia, e colocaram a cabeça da vítima numa praça pública, disse à Lusa fonte policial, na altura.
Em 12 de fevereiro, o Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, pediu ao novo vice-comandante-geral da PRM, Aquilasse Manda, para combater os ataques atribuídos aos grupos na província da Zambézia, indicando que estes “tentam bloquear” vias vitais para o desenvolvimento do país.
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By Impala News / Lusa
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