Dezenas de crianças adotadas foram devolvidas ao Estado
Acima de 7% das crianças adotadas nos últimos quatro anos acabaram por ser devolvidas ao Estado. Falhas no acompanhamento às famílias serão a principal razão.
As instituições de acolhimento receberam de volta pelo menos 67 crianças adotadas – ou em período de pré-adoção – nos últimos quatro anos. O número representa pouco mais de 7% das 935 crianças. O problema, reconhecido por investigadores e técnicos, tem origem na falta de acompanhamento pós-adoção. Em 2021, arranca um projeto de monitorização às necessidades de 270 famílias adotantes, que passarão a ser acompanhadas nos três anos seguintes à adoção.
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Crianças adotadas devolvidas ao Estado são «revitimizada muitas vezes»
“Uma criança retirada à família biológica, que viveu numa instituição, foi adotada e volta ao acolhimento já foi revitimizada muitas vezes”, alerta Maria Barbosa Ducharne, do Grupo de Investigação e Intervenção em Acolhimento e Adoção (GIIAA) da Universidade do Porto. No ano passado, aponta-se no rela-tório CASA, sete crianças adotadas e duas em fase de pré-adoção voltaram ao acolhimento, ainda assim menos do que em 2018, (19), em 2017 (15) e em 2016 (24)
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“Há pais que não estão preparados para uma criança que sofreu de maus-tratos, negligência e abandono e criam expectativas que não correspondem à realidade”, assinala a responsável do GIIAA. O regresso das crianças adotadas ao sistema de acolhimento pode, ainda assim, ser um afastamento provisório da família adotiva, com vista a uma reunificação, o que nem sempre sucede. “Há uma necessidade demonstrada cientificamente de apoiar estas famílias no pós-adoção” que não acontece em Portugal embora essa obrigatoriedade esteja na lei desde 2015.
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