Investigação aponta desconfianças sobre os pais de Madeleine McCann
Depoimentos que não batem certo e surgem desconfianças sobre os pais de Madeleine McCann.
Os McCann mobilizaram os Media. A atenção dada a este caso já não é só por parte dos meios de comunicação portugueses ou britânicos, mas sim de meios de todo o Mundo. Paulo Pereira Cristóvão, ex-inspetor da Polícia Judiciária, admite que a maior pressão «vinha de dentro da Polícia, e não dos media». «Nós nem podíamos sair à rua para ir tomar café», admite ainda Gonçalo Amaral sobre a pressão dos meios de comunicação social. Começam a chegar a Portugal elementos das Autoridades britânicas numa tentativa de unir esforços. As Autoridades portuguesas são cada vez mais criticadas e começa uma troca de insultos pouco saudável.
Gonçalo Amaral diz que foi apelidado de «1001 coisas». «De incompetente, de bêbado, de gordo, por aí fora…»
Desaparecida há 50 dias
Justine McGuinness, relações públicas dos McCann, entra em cena. Como a própria diz, tinha a missão de «garantir que todos sabiam que Madeleine McCann estava desaparecida». Para assinalar os 50 dias do desaparecimento da filha, os McCann vão até à praia largar balões num ambiente carregado de emoção. «A Kate e o Gerry eram atraentes do ponto de vista jornalístico», afirma Justine, que admite ter tratado o caso como uma campanha política. A história do casal é explorada por Robbyn Swan, coautora do livro À Procura de Maddie. Fala sobre o percurso de cada um e de como são oriundos de famílias humildes e católicas.
Nesta fase, o casal afasta-se de Portugal e começa, naquilo que foi apelidado de digressão, a visitar diferentes países. Apelam, junto de dirigentes de vários quadrantes, à ajuda para encontrarem a filha. Kate e Gerry são até recebidos pelo Papa. As opiniões começam então a dividir-se. Se fosse um casal português no lugar dos McCann, teriam a mesma ajuda? A série relembra o caso de Rui Pedro, desaparecido a 4 de março de 1998, e mostram imagens televisivas de Filomena Teixeira.
De todo o Planeta chegam relatos de pessoas que afirmam terem visto Madeleine ou que diziam saber do seu paradeiro. Ainda que algumas fossem completamente ridículas, tinham de ser investigadas. Mais uma vez, a capacidade de resposta das Autoridades portuguesas é colocada em causa. Justine e Gerry reunem-se com Jim Gamble, ex-diretor executivo do Centro de Proteção Infantil e Proteção On-line (CEOP), unidade policial afiliada à Agência de Crime Organizado Grave (SOCA), no Reino Unido. No documentário, Jim dá o um parecer sobre Gerry. Diz não ter gostado dele. Apelida-o de «frio e controlado». Gonçalo Amaral partilha os mesmos sentimentos. «O Gerry pareceu-me uma pessoa muito controladora. Uma pessoa que sabe dominar muito bem e equilibrar», diz à Netflix.
Pacto de Silêncio – A primeira contradição
O artigo com o título Pacto de Silêncio foi publicado a 3 de junho de 2007 e aqui vemos as jornalistas Margarida Davim e Felícia Cabrita falarem sobre o tema. Felícia Cabrita tinha-se tornado famosa pelo trabalho no Caso Casa Pia e investigava agora o desaparecimento da menina britânica. Num dos dias em que o casal estava na missa (tornou-se hábito dos McCann, católicos devotos), Felícia janta na mesma mesa onde Kate e Gerry estavam com os amigos na noite em que Madeleine foi dada como desaparecida.
«É aí que eu apanho a primeira contradição em relação ao discurso dos pais», diz a jornalista na série. «Onde eu estava, onde eu me encontrava, era complemente impossível ter visão do apartamento ou do quarto onde eles deixavam as crianças dormir. Porquê mentir numa coisa tão simples?». Neste ponto, percebe-se que as versões dos adultos sobre as horas a que iam verificar as crianças não batem certo.
«Ele diz que iam a casa de meia em meia hora e ela diz uma hora», recorda Paulo Pereira Cristóvão sobre os depoimentos. «Diziam que tinham um esquema de segurança. Que todos vigiavam todos. Mas não é bem assim», reitera Gonçalo Amaral
Gerry terá dito, num primeiro depoimento, que acedia pela porta da frente para ir verificar as crianças. Mais tarde, contradiz-se. Declara que o fez pela porta traseira, que normalmente deixava aberta. Em mais contradições, Gonçalo Amaral diz que Kate afirma ter espreitado para debaixo da cama quando deu por falta da filha. «Não espreitava porque aquilo era um somier, que batia no chão. São este tipo de coisas», desconfia…
Murat continua a ser o único suspeito
Volvidos 68 dias do desaparecimento da menina, Murat continua a ser o único suspeito e é chamado a interrogatório. Nessa ocasião, estão três pessoas do grupo dos McCann que garantem ter visto Murat na noite do desaparecimento. Este considera que não o fizeram por estarem confusos, mas sim de propósito, embora não soubesse com que objectivo.
Os intervenientes neste episódio falam de um pacto, uma aliança, entre os amigos dos McCann sobre o que se passara nessa noite.Afinal, todos eles tinham deixado os filhos sozinhos. Há também controvérsia sobre o estore da janela do quarto onde dormia Madeleine. A mãe diz que estava aberto, mas quando a Polícia chega, está fechado. A única impressão digital encontrada é a da palma da mão de Kate, no sentido de abrir a janela, e não de a fechar. É aqui, diz Gonçalo Amaral, que os pais começam a ser vistos como possíveis suspeitos. «Aquilo é uma encenação de um crime.»
Desaparecida há 89 dias
Com Madeleine desaparecida há 89 dias, Gonçalo Amaral decide aceitar ajuda de mais peritos no caso. São então chamados a Portugal dois peritos com cães. «O Gerry McCann teve medo da vida dos cães», afirma o ex- inspector da Polícia Judiciária. Martin Grime, treinador de cães forenses, levou dois aos parlamento 5A, na Praia da Luz. Podemos ver um vídeo de Eddie, o cão treinado para cheirar cadaverina, um dos principais elementos responsáveis pelo odor nauseabundo dos cadáveres, a entrar no apartamento e a ficar desorientado e ladrar desenfreadamente.
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