É por isto que enfrentamos cada vez mais vírus emergentes

O epidemiologista Nacho de Blas deu Portugal como exemplo e deixou explicação para o (re)surgimento de tantos vírus.

É por isto que enfrentamos cada vez mais vírus emergentes

O epidemiologista Nacho de Blas acredita que a varíola dos macacos não será o último vírus que vamos enfrentar. “Não sabemos qual será o próximo mas haverá outros”, apontou o especialista da Universidade de Zaragoza. Acrescenta que é pouco provável que o vírus monkeypox se torne pandémico. “Sinceramente, acho que não. Vai haver um surto de importância relativa, dependendo do tempo e das medidas que forem postas em prática. Os casos vão continuar a aparecer por algumas semanas mas depois a transmissão será cortada. Esta situação não vai durar muito mais do que um mês”, explicou.

“Existem várias questões que podem ter influenciado. Por um lado, o que o sequenciamento realizado rapidamente por países como Portugal, que deram uma lição na sua forma de agir, é mostrar que filogeneticamente o vírus deu um ‘salto’ no que diz respeito à variante de onde provém. Está a ser investigado se essas mutações poderiam dar uma certa capacidade de ser mais transmissível, embora isso não seja suficiente para explicar o surto. A importância de eventos de superdisseminação também é investigada, que pode ter sido capaz de contribuir significativamente para a disseminação internacional do patógeno”, referiu.

Nacho de Blas confia que a situação estará sob controlo. “A doença foi identificada, há um alerta sanitário, a população conhece os sintomas e os profissionais de saúde sabem como agir. Temos ferramentas de diagnóstico e sabemos que a vacina protege contra a doença, por isso pode ser usada. Acredito que a situação pode ser controlada assim que todos os casos ocorridos sejam trazidos à luz. O principal risco ocorreria se o vírus conseguisse encontrar um reservatório na Europa. É necessário controlar que os animais de estimação e, principalmente os animais selvagens, não sejam infetados.”

«Culpa é do homem»

A verdade é que a Europa tem sido alvo de várias crises sanitárias relacionadas com vírus. A covid-19, a gripe aviária e, mais recentemente, a varíola dos macacos. Para o especialista, a culpa é do Homem. “Estamos a dar todas as facilidades do mundo para saltar para os humanos e vamos enfrentar cada vez mais esses patógenos emergentes. Há dois fatores que favorecem a sua chegada: a globalização e a invasão cada vez mais comum do território por espécies silvestres. No mundo em que vivemos, em seis horas é possível estar do outro lado do mundo.

“Há uma grande velocidade nos movimentos e um grande número de pessoas em movimento. Se somarmos a isso que a necessidade de busca de alimentos está a causar cada vez mais incursões em territórios selvagens e que entramos em contacto com animais, há um ambiente propício para o surgimento de vírus. Não sabemos qual será o próximo, mas haverá outros”, conclui.

Varíola dos macacos e o medo de uma nova pandemia
Nos últimos dias, a nova doença viral varíola dos macacos tem feito notícia e levantando inúmeras questões. Fabiano de Abreu Agrela, biólogo, ajuda a retirar dúvidas. (… continue a ler aqui)

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