Afinal, quais são os países que os emigrantes portugueses mais escolhem para mudar de vida?

Os países nórdicos e do Benelux (Bélgica, Holanda e Luxemburgo) são cada vez mais destinos da emigração portuguesa, nomeadamente da mais qualificada, de acordo com o Relatório da Emigração, hoje apresentado em Lisboa.

Afinal, quais são os países que os emigrantes portugueses mais escolhem para mudar de vida?

Rui Pena, investigador do Observatório da Emigração, responsável pelo documento, indicou que os países nórdicos (Suécia, Dinamarca e Noruega) têm “uma atração cada vez maior sobre os emigrantes portugueses”. O sociólogo falava no final da apresentação do Relatório da Emigração referente a 2021, que foi apresentado no Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Rui Pena destaca o caso da Holanda, que regista um crescimento da emigração portuguesa, com 3.406 entradas de portugueses em 2021, representando o sétimo destino mais procurado. “A Holanda tem um mercado de trabalho relativamente dinâmico e isso tem permitido que essa emigração portuguesa mais qualificada se concretize. Também tem a vantagem de ser um país em que uma boa parte do trabalho qualificado se pode fazer em inglês”, explicou.

O investigador referiu que a emigração para a Dinamarca nem sequer diminuiu durante a pandemia de covid-19, quando se registou uma quebra acentuada da emigração portuguesa, tal como a nível mundial. Na apresentação do relatório, o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, referiu-se a esta opção por países que não são destinos tradicionais da emigração portuguesa como “um fenómeno relativamente novo”, ao mesmo tempo que “há um ‘stock’ de emigração antigo que se mantém mais ou menos estável em torno dos dois milhões de emigrantes”.

Questionado sobre o tipo de portugueses que optam pela emigração, o ministro indicou que são “de todo o tipo”. “Há portugueses mais qualificados, doutorados, que tendem a ir mais para os Estados Unidos e outros, com menos qualificações, e que vão para todo o lado”, disse Gomes Cravinho, acrescentando: “A emigração é um fenómeno secular da realidade portuguesa”.

E sublinhou os benefícios das experiências no estrangeiro que muitos jovens portugueses têm hoje em dia. “São emigrantes temporários, que vão durante dois, quatro anos e regressam. Devemos valorizar muito, porque enriquece a nossa sociedade e os próprios jovens que têm essa experiencia, do mesmo modo que nos enriquece a nós, sociedade portuguesa, receber pessoas de outras origens”, referiu.

Por seu lado, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Paulo Cafôfo, chamou a atenção para as mutações da emigração portuguesa. “Felizmente que está a acontecer. Os emigrantes que saem hoje [de Portugal] não são iguais aos que saíram nos anos 60 ou 70”, disse. Segundo o relatório, cerca de 60.000 portugueses emigraram em 2021, mais 15.000 que no ano anterior, numa “recuperação assinalável” de saídas, após a quebra brutal em 2020.

Em 2021, o Reino Unido liderou os destinos dos emigrantes portugueses (12.000 entradas), seguindo-se Espanha (8.000), Suíça (8.000), França (6.000) e Alemanha (6.000).

O documento indica que a Suíça era, em 2020, o país onde mais emigrantes portugueses adquiriram a nacionalidade. Dados mais recentes e entretanto trabalhados pelo Observatório da Emigração dão conta de um aumento no número de aquisições de nacionalidade britânica em 2021, que catapultou o Reino Unido para o primeiro lugar.

Iniciativa do gabinete do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, o Relatório da Emigração baseia-se nos dados recolhidos pelo Observatório da Emigração, um centro de investigação do Iscte – Instituto Universitário de Lisboa.

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