Filho que matou pai em Vila Verde condenado a 4 anos de prisão
O Tribunal Judicial de Braga condenou a quatro anos e um mês de prisão efetiva um jovem que matou o pai a tiro em Moure, Vila Verde, em 2017.
O Tribunal Judicial de Braga condenou hoje a quatro anos e um mês de prisão efetiva um jovem que matou o pai a tiro em Moure, Vila Verde, em 2017. Aquela pena refere-se aos crimes de homicídio simples, detenção ilegal de arma e extorsão, este último no âmbito de um processo apenso.
O arguido, de 22 anos, foi ainda condenado a 1290 euros de multa pelos crimes de simulação de crime e condução sem habilitação.
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Artur Marques, advogado do arguido, disse à Lusa que pondera “seriamente” recorrer da decisão, por considerar que há condições para a suspensão da pena. A viúva da vítima foi condenada a 490 euros de multa, por simulação de crime.
No julgamento, o filho da vítima confessou a autoria do crime, mas sublinhou que a sua intenção era apenas “assustar” o pai, a quem acusou de criar um clima de terror em casa. Falou em constantes agressões, insultos e ameaças do pai à mãe, que acabavam por “sobrar” também para os filhos.
“Saturação psicológica”
“Quando tentava defender a minha mãe, também levava. Foi desde sempre muito difícil conviver com o meu pai. E quando estava com o álcool, ainda era pior”, relatou, sublinhando a “saturação psicológica” que se instalou no seio familiar.
No dia dos factos, a 23 de outubro de 2017, o arguido regressou a casa em Moure, Vila Verde, com o trator avariado, depois de ter estado a agricultar um campo, e foi verbalmente repreendido pelo pai, com insultos. O arguido disse que foi a casa buscar uma arma para “assustar” o pai e que este, ao vê-lo, se baixou para pegar num ferro, dizendo que o ia matar.
“Ia assustá-lo, ele reagiu, calhei de carregar no gatilho e disparou”, acrescentou. Após o crime, a viúva da vítima e o filho colocaram o corpo num furgão, que acabaram por deixar abandonado num descampado em Palmeira, Braga.
Corpo só foi encontrado três dias depois do crime
Entretanto, a mulher participara à GNR o alegado “desaparecimento” do marido, alegadamente para proteger o filho. Em tribunal, a mulher deu conta de toda uma vida de maus-tratos desde que casou, em 1986.
“Um casamento sempre de levar, e os filhos igual”, referiu. Contou que, face à agressividade do marido, teve de dormir muitas noites “no coberto” e que chegou a fugir para a França, mas acabava por voltar para a casa por temer consequências piores, nomeadamente para os pais.
Em relação ao tiro dado pelo filho, disse ter a certeza de que ele “não queria fazer aquilo, mas, com o desespero, aconteceu”. “Um dia, um ou outro ia ter que morrer, ia ser um ou outro”, afirmou.
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