Greve de Motoristas: GNR acusa Primeiro-Ministro de desrespeito
A Associação dos Profissionais da Guarda acusa o primeiro-ministro de desrespeitar a dignidade dos profissionais que servem a GNR e rejeita que se instrumentalizem estes trabalhadores para reduzir o impacto da greve dos motoristas.
«Considera-se lamentável que o senhor primeiro-ministro tenha demonstrado que claramente desrespeita a dignidade profissional daqueles que servem a Guarda», indicou a Associação dos Profissionais da Guarda em comunicado, esta segunda-feira, 12 de agosto, voltando a manifestar-se contra a ideia de recorrer a profissionais da GNR para conduzir veículo pesados de transporte de matérias perigosas.
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GNR alega esta a cumprir «horários desumanos»
A Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR) contesta declarações do chefe de Governo, que indicava que seriam os comandos da PSP e da GNR a representar os profissionais. Para a APG/GNR, António Costa posicionou-se como se as estruturas representativas dos profissionais não existissem, entendendo que a postura do primeiro-ministro «contraria elementares princípios da democracia». A Associação refere que os profissionais da GNR sentem «descontentamento e indignação» perante o cumprimento de «horários desumanos» e por serem «forçados a executar funções completamente estranhas à missão de segurança pública».
Os representantes dos profissionais da GNR criticam também a posição do Comando da GNR por indicar que «existem todas as condições para dar resposta», apesar de saber que isso «resultará em maior carga horária para os profissionais» e em «situações de risco objetivas». No domingo, 11 de agosto, também a Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP-PSP) tinha acusado o primeiro-ministro de manter «postura de arrogância política» a propósito da utilização de polícias e militares na condução de veículos pesados de transporte de matérias perigosas.
A associação da PSP sublinhou que «nenhum sindicalista quer substituir o Diretor Nacional da PSP, mas não deixará de falar, por muito que custe ouvir, sobre os problemas e atropelos aos direitos dos polícias, porque dessa matéria, ninguém quer falar». Questionado pelos jornalistas, no final de uma reunião com o Gabinete Coordenador de Segurança, do Sistema de Segurança Interna, sobre as queixas de associações de profissionais da polícia e da GNR quanto à chamada destes profissionais para conduzir camiões de matérias perigosas sem estarem aptos ou formados para o fazer, António Costa respondeu que «quem fala em nome das forças de segurança são os seus comandos».
«Quem fala em nome das forças de segurança são os seus comandos e o que eu ouvi do senhor comandante da Guarda Nacional Republicana e do senhor diretor nacional da PSP é que as forças de segurança estão plenamente aptas a desempenharem as missões que lhes estão atribuídas designadamente a de assegurar o transporte através da condução no caso de necessidade. É a mesma mensagem que nos é transmitido por parte das forças armadas», disse António Costa. Hoje, depois de assistir ao ‘briefing’ operacional da Proteção Civil, o primeiro-ministro indicou que ainda não foi necessário recorrer a nenhum elemento das forças de segurança para conduzir veículos, frisando que os motoristas estão a cumprir os serviços mínimos decretados.
O Governo decretou serviços mínimos e declarou crise energética
Os motoristas cumprem hoje o primeiro dia de uma greve marcada por tempo indeterminado e com o objetivo de reivindicar junto da associação patronal Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) o cumprimento do acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial. A greve foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), tendo-se também associado à paralisação o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte (STRUN). O Governo decretou serviços mínimos entre 50% e 100% e declarou crise energética, que implica «medidas excecionais» para minimizar os efeitos da paralisação e garantir o abastecimento de serviços essenciais como forças de segurança e emergência médica.
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