Guterres “consternado com trágico custo humano” do conflito em Gaza após morte de 100 civis
O secretário-geral da ONU, António Guterres, “condenou o incidente” de hoje no norte de Gaza, em que morreram mais de 100 civis que aguardavam ajuda humanitária, e manifestou-se “consternado com o trágico custo humano do conflito”.
“O secretário-geral condena o incidente de hoje no norte de Gaza, no qual mais de uma centena de pessoas são dadas como mortas ou feridas enquanto procuravam ajuda vital”, disse o porta-voz de Guterres, Stéphane Dujarric, em comunicado.
“Os civis desesperados em Gaza precisam de ajuda urgente, incluindo os do norte sitiado, onde as Nações Unidas não conseguem fornecer ajuda há mais de uma semana”, frisou.
Pelo menos 109 habitantes de Gaza morreram e 760 ficaram feridos durante a madrugada, enquanto aguardavam a chegada de ajuda humanitária transportada por uma caravana de 32 camiões, segundo o Ministério da Saúde, controlado pelo movimento islamita Hamas, que responsabilizou as tropas israelitas.
Por seu lado, o exército israelita disse hoje que se tratou de dois incidentes distintos: o primeiro em que não houve fogo israelita, mas uma multidão esfomeada terá saqueado e cercado os camiões que transportavam ajuda, fazendo-os recuar.
A “maioria das vítimas” ocorreu neste incidente com o camião, disse o porta-voz militar Peter Lerner numa videoconferência.
“Muitos foram atropelados, esmagados até à morte”, disse, negando o envolvimento das forças militares.
Num segundo incidente, alguns metros mais a norte, na estrada que liga o sul e o norte de Gaza, e depois de os camiões se terem afastado, disse Lerner, um grupo indeterminado de habitantes de Gaza terá sido alvejado por soldados que os consideraram uma “ameaça numa zona de guerra”.
“Foi uma resposta limitada, fogo limitado”, disse Lerner, mas não deu uma estimativa do número de feridos ou mortos.
O gabinete de imprensa do governo de Gaza, controlado pelo Hamas, informou inicialmente esta manhã que cerca de 70 pessoas tinham sido mortas na rua Al Rashid, no sudeste da cidade de Gaza, um número que entretanto subiu para 109, de acordo com o Ministério da Saúde palestinianos.
Em comunicado, Dujarric indicou que António Guterres está consternado com o “trágico custo humano do conflito em Gaza”, no qual mais de 30.000 pessoas foram mortas e mais de 70.000 feridas.
“Tragicamente, um número desconhecido de pessoas está sob os escombros”, salientou.
O líder das Nações Unidas reiterou assim o seu apelo a um cessar-fogo humanitário imediato e à libertação incondicional de todos os reféns.
Guterres “mais uma vez apela a medidas urgentes para que a ajuda humanitária crítica possa chegar e atravessar Gaza e chegue a todos os necessitados”, conclui a nota.
A guerra em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano em solo israelita, em 07 de outubro, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Em represália, Israel lançou uma ofensiva no território palestiniano que já causou mais de 30 mil mortos, de acordo o Hamas, catalogado pela UE e os Estados Unidos como organização terrorista, que controla o território desde 2007.
Com o avançar do conflito na Faixa de Gaza, o Hamas sustenta que mais de 700 mil pessoas estão a sofrer de fome no norte do enclave.
MYMM (JH/PL) // PDF
By Impala News / Lusa
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