Homem suspeito de assassínio em mesquita francesa rendeu-se à polícia em Itália

Um homem suspeito de assassinar um fiel muçulmano numa mesquita no sul da França entregou-se à polícia em Itália, informaram as autoridades francesas

Homem suspeito de assassínio em mesquita francesa rendeu-se à polícia em Itália

O suspeito, “Olivier A.”, nascido em Lyon (centro-leste de França) em 2004 e de nacionalidade francesa, “foi pessoalmente a uma esquadra de polícia em Pistoia”, não muito longe de Florença, “no domingo por volta das 23:00” (22:00 em Lisboa), disse o procurador de Alès (sul), Abdelkrim Grini, à agência de notícias France-Presse (AFP).

“É uma grande satisfação para mim como procurador. Dada a eficácia das medidas adotadas, o agressor não teve outra escolha senão entregar-se, e isso foi o melhor que podia ter feito”, acrescentou, por telefone.

Devido à detenção em Itália, um juiz de instrução “será notificado” e será emitido um mandado de detenção europeu com vista à sua transferência para França, especificou Grini.

“Olivier A.” terá esfaqueado até à morte um fiel muçulmano na sexta-feira dentro de uma mesquita na comuna de La Grand-Combe, no departamento de Gard, a cerca de 10 quilómetros da cidade de Alès, num ato cujo motivo é ainda desconhecido.

“Dois homens estavam sozinhos dentro da mesquita, ocupados a rezar, quando um deles esfaqueou o outro várias dezenas de vezes por volta das 08:30, antes de o deixar para morrer e fugir”, explicou, na sexta-feira, Grini, em declarações à AFP.

A vítima, um maliano, terá sido esfaqueada “40 ou 50 vezes”, segundo a primeira análise do corpo, que terá de ser esclarecida pela autópsia, frisou o procurador, indicando que o jovem na casa dos 20 anos “frequentava regularmente” esta mesquita, enquanto “o alegado agressor não frequentava o local e aparentemente nunca lá tinha estado”.

Perante o corpo do fiel morto, o alegado homicida foi ouvido a confessar o crime e a insultar Alá, palavra utilizada em árabe para designar Deus, num vídeo que ele próprio filmou com o telemóvel logo após o ataque com uma faca, disse uma fonte próxima do caso à AFP, no sábado.

Esse vídeo foi gravado antes de se aperceber que também estava a ser filmado pelas câmaras de vigilância no interior da mesquita, adiantou a mesma fonte.

“Vou ser preso, é certo”, disse o homem, após se aperceber das câmaras de vigilância.

No sábado, Grini disse que a investigação sobre o crime estava em curso, tratando-se de um homicídio ou um homicídio premeditado, e indicou que o suspeito era “potencialmente extremamente perigoso”.

A família do alegado assassino é oriunda da Bósnia, parte da qual reside no departamento de Gard. Sem antecedentes criminais, o jovem estaria desempregado.

“Todas as vias” de investigação estão ainda a ser exploradas neste caso, incluindo a de um crime “racista e islamofóbico”, insistiu Grini.

No domingo, o Presidente francês afirmou que “o racismo e o ódio baseados na religião nunca terão lugar em França”.

“A liberdade de culto é inviolável”, disse Emmanuel Macron, numa mensagem partilhada na rede social X, em que expressou ainda “o apoio da Nação” à família da vítima e “aos compatriotas da fé muçulmana”.

No domingo à noite, uma marcha decorreu em La Grand Combe em homenagem à vítima e uma manifestação contra a islamofobia foi organizada na capital, Paris.

 

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By Impala News / Lusa

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