A proprietária de um lar ilegal em Riachos, Torres Novas, onde morreram três idosos, vai ser julgada por quatro crimes de maus-tratos, dois deles agravados pelo resultado morte, e por um crime de profanação de cadáver, avança o Correio da Manhã. O médico que passou uma certidão de óbito sem ver a vítima também vai ser julgado, pelos crimes de atestado falso e recebimento indevido de vantagem. Ana Paula Alves, de 41 anos, está em prisão preventiva desde março passado, quando foi detida pela Polícia Judiciária de Leiria, após a descoberta dos cadáveres de duas mulheres, de 90 e 92 anos. Já em dezembro havia falecido outro utente, de 72 anos, no apartamento transformado em lar ilegal no Bairro Sopovo, que alojava mais duas mulheres, de 85 e 87 anos.

«Forte odor cadavérico»

O cadáver de Manuela Alves foi encontrado por um sobrinho, na cama, aconchegado como se estivesse a dormir, num quarto que era partilhado com outras duas idosas. As utentes não se aperceberam da morte e “passaram pelo menos 12 noites” num quarto com “forte odor cadavérico”, por culpa do “avançado estado de decomposição e aparente esqueletização” do cadáver, refere a acusação do Ministério Público. No dia seguinte, a sobrinha de Maria Amélia Pedro tentou ir ver a tia, vindo a perceber que também estava morta e já há alguns dias. O corpo foi escondido pela proprietária do lar “em local não apurado”.

As idosas apresentavam “emagrecimento acentuado, com sinais de subnutrição”. Ana Paula Neves “não alimentava de forma conveniente as idosas, apenas tinha uma sopa aguada para lhes servir” e nem era a “horas certas”. Além disso, “não providenciava apoio médico” nem tinha “equipamento necessário e adequado” para os banhos, dá conta o mesmo jornal.

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